Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

MINHA VOVÓ DA BALA: VOVÓ TEREZA RIVERA


Eu tinha a vovó da bala. Quando a vovó chegava, os netos presentes aguardavam ansiosamente as balas saborosas que trazia. Todos nós já sentimos saudades das avós que partiram... Do doce. Das regras que os pais impõem e as avós quebram sem nenhuma cerimônia. E com autoridade. Como dizia minha mãe: os pais educam e as avós deseducam. Não é bem assim:avó sempre aparece na hora do socorro! Socorra-me, vovó! Amo-te,vovó.

Avó não pode exercer o papel de mãe e nem de pai. De jeito nenhum! Quando elas assumem esses papéis elas continuam sendo avós. Avó é toda esta mistura de sentimentos que se reúne nos pais. Ainda acrescentando o sentimento de ser avó que é diferente e único. Singular,avó é avó. Não é difícil entender, é? Avó tem sempre uma palavra que acalenta. Uma palavra que lhe coloca para refletir sobre o certo e o errado. Todos nós temos lembranças da culinária de algum prato que a vovó oferecia para mostrar o seu amor para conosco.

E os domingos na casa da vovó? Uma alegria imensa. Os filhos reunidos e os primos e as brincadeiras e a esperada macarronada. A vovó Tereza tinha esta capacidade de manter todos unidos. Vó tem essa atração. Unir! Avó sempre tem uma palavra de carinho. Quando aconselha parece que nos conhece por dentro. O recado dado atinge o coração. Como é bom ter uma avó. Avó é um porto seguro.

Não esqueço quando deixei de estudar e minha avó foi severa e sem titubear preveniu-me de todos os descaminhos que alguém que não estuda está sujeito nos dias de hoje. Muitos já tinham dito o que ela disse e eu nem aí, nela prestei atenção. Refleti! Ela agiu. Pegou-me pela mão e me devolveu à escola novamente. Obrigado vovó da bala. Coisas de avó. Vó é bem isso mesmo! Proteção. Acolhimento. Encaminha e manda o neto conquistar o mundo. Vó é coragem! Ora, se você não teve uma vovó da bala com certeza teve a avó do doce de abóbora que só ela sabia fazer. Ou faz ainda. Cada um de nós tivemos uma vovó e cada uma do seu jeito.

O que te lembra sua vovó?


Netos e netas têm uma coisa em comum neste dia da vovó. Elas estão sempre apostos para escutam e aconselhar cada um de nós do seu jeito. Um abraço a todos as vovós estrelinhas ou não. 

terça-feira, 21 de julho de 2015

DE SACO CHEIO!


Quem nunca acordou e, ao abrir os olhos,sentiu que aquele não era o melhor dia da sua existência? Tudo é motivo de reclamação. Lamentação! Parece que os olhos avisam que alguma coisa no ambiente cotidiano está incomodando. O café da manhã com a mesa posta como todo dia.Encontrar alguma coisa errada provoca irritação. É o dia que você está disposto a encontrar alguma coisa fora do lugar para justificar sua esquisitice com o mundo. Uma colher fora do lugar. O sabor da manteiga que você saboreia há muito tempo agora estranha. Quando o dia começa assim, até o café que você está habituado parece com gosto diferente. A chatice é tão grande que nem o queijo da Serra da Canastra escapa do seu mau humor.

Será egocentrismo?

Nesse dia é melhor o espelho não te olhar ou você não olhar pra ele. Vai sair faísca! Com certeza vai ressaltar aquele pezinho de galinha no canto dos olhos que ainda não havia percebido.A mulher desespera e o homem simula uma falsa calmaria ou uma desculpa machista diante do espelho. Mesmo não tendo defeito, às vezes queremos encontrá-los. Procuramos como uma agulha no palheiro.

O espelho vai ficar com medo das caretas com esse seu objetivo de encontrar algum defeito, a qualquer custo, para justificar o mau humor do dia. Se for homem achará entradas ainda não vistas que avisam que o cabelo está caindo. Desespero! Se for mulher, em lágrimas e gritos, achará que o rosto denuncia que ganhou uma ruga. Pânico! Quando lançam um objeto e espedaçam o espelho que não tem nada a ver com o seu mau humor imagina como vai ser o resto do dia. É bom lembrar que quebrar espelho dá azar. Anos de azar...

Será que não existe alguém no mundo, além do nosso mau humor?

Imagine os amigos de trabalho! Coitados. Quando você chega, eles,que já o conhecem muito bem, vão falar entre lábios e bem baixo “hoje está naqueles dias”. Descompensado. Amigos compreensivos. Respeitam que aquele não é seu dia. Ninguém é perfeito o tempo todo. Mesmo respeitando, você não se livrará dos comentários dos amigos. Se for homem, dirão sem piedade que ele está naqueles dias. Andropausa. Se for mulher dirão,com certeza absoluta, que ela está naqueles dias e é bom nem chegar perto. Estamos cansados da gente mesmo! Queremos mudanças. E mudar é tão difícil. Aí a irritação. Todo mundo precisa mudar! É bom sair de perto que estou chegando.

O que está acontecendo?


Esse comportamento mal-humorado de vez enquanto é normal, mas se for todos os dias é melhor procurar um especialista. Ou se perguntar o que está incomodando.Tarefa difícil. 

segunda-feira, 13 de julho de 2015

BENEDITO VIVIANI: O HOMEM QUE CONSERTAVA LÂMPADAS QUEIMADAS


O sr.Benedito Viviani está muito bem, com 85 anos e uma memória de elefante. Acho que bem maior do que de elefante! (risos).Viviani faz questão de mostrar a sua lucidez com a idade que tem, contando histórias da juventude e causos sobre gente que fez parte da sua vida. Sempre usando da sua sabedoria que a vida lhe atribuiu e um bom humor singular. Conta as estripulias que realizava com seus amigos, na década de quarenta e cinquenta,em Cotia, com tantos detalhes que fica difícil separar o que é fantasia da ficção. Perfeito!

Gratidão. 
Benedito Viviani

Aí no lugar onde você mora, com certeza tem alguém como o senhor Viviani que guarda um pedaço da memória da cidade que os olhos de muitos não enxergam, mas estão vivas em moradores antigos. E que devem ser resgatadas e registradas. Nos dois livros que escrevi sobre Cotia, contei com o conhecimento do senhor Viviani. Indicou-me as pessoas que poderia entrevistar e onde encontraria documentos sobre a cidade. Foi um orientador fabuloso. Ajudou com prazer imenso.

Na última vez que estive com o sr.Viviani,ele se emocionou em dizer que um dos livros tinha sido autografado pelo Papa. Aquele que conta a história do Hospital de Cotia. Disse isso,com os olhos transbordando em lágrimas.Conversar com sr.Viviani com sua fala carregada de amor pelo lugar que o recebeu com carinho,em 1947, sugere, na sua emoção, que temos o dever de cuidar da memória do lugar onde passamos uma parte ou uma vida inteira. Não dá para apagar e nem esquecer.

As brincadeiras. Os deboches. A criatividade... O sr.Viviani lembra essa época que Cotia era muito diferente de hoje. E sem querer dizer que era melhor do que hoje, era um tempo diferente dos dias atuais, que também tem seus valores a serem preservados e contados. Se não fosse o sr.Viviani e outros colaboradores não teria escrito os livros sobre as histórias da cidade. Teria desaparecido com eles ou ficado com eles na solidão de suas idades. Sr.Viviani valeu a pena!

sexta-feira, 3 de julho de 2015

UMA CONVERSA COM JESUS CRISTO, HELP!


Para quebrar a formalidade com Jesus Cristo quero dizer aos leitores que não considerem essa liberdade como desrespeito. Chamá-lo de Jesus é uma forma de intimidade para falar de assuntos que têm me incomodado pelo grau de contradição daquilo que o Senhor pregou há séculos. Tomei essa decisão de conversar com o Senhor pela sua vivência com traição e injustiça. Lembro-me que, entre Barrabás e o Senhor, o povo escolheu Barrabás. Assim sendo, a máxima dita na Grécia de que“A voz do povo é a voz de Deus” não pode ser levada tão a sério. Porque, Jesus?

Jesus, como o Senhor já percebeu, estou cauteloso com as palavras e as ideias. Caso seja mal interpretado neste nosso papo, o Senhor nem imagina o que pode acontecer comigo. Já ouviu falar em uma ação comportamental com o nome de cyberbullying? Se um dos seus seguidores achar que estou sendo desrespeitoso serei tratado com hostilidade. Atitude muito diferente daquilo que o Senhor pregava nos seus ensinamentos. Nada de compaixão por seus filhos! Muitos que pregam sua filosofia, independente de instituição religiosa, têm praticado a intolerância,Senhor. O que está acontecendo, Jesus? 

Alguns dizem que o Senhor é socialista e outros que é capitalista. Alguns dos seus seguidores dizem que, para manter suas ideias vivas, é preciso criar fortunas. Construir templos e igrejas ostentatórias. Será necessário mesmo,Jesus? Jesus, posso estar errado nesse meu pensamento:não seria melhor praticar a caridade? Não seria melhor respeitar os seres humanos com suas diferenças? São apenas dúvidas.Esclareça-me, Jesus!Uma parte do mundo está em guerra em seu nome. Não é um absurdo?Olha, Jesus, tem coisa que é atribuída ao Senhor que até Deus duvida. Porque Jesus?


Jesus, com certeza o Senhor não é muleta e sim vida. O Senhor é solidariedade. O Senhor é compaixão. O Senhor é caridade, mesmo no sofrimento. O Senhor é um caminho aberto...Para seguir o que o Senhor pregou é preciso calvário?Penso que não! Alguns insistem em dizer que, para segui-Lo, é preciso sofrimento. Se o Senhor pregou a vida não pode desejar o sofrimento de ninguém. Não é, Jesus? Deixando de lamentações, quero pedir que o Senhor continue olhando pelos desamparados. Para encerrar, Jesus, todos somos seus filhos, né? Do jeito que andam pregando suas palavras parece que só os escolhidos terão vez. É verdade, Jesus? Quem decide quais serão os escolhidos? É verdade, Jesus? Amem!