Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sábado, 23 de maio de 2015

TOQUE DE RECOLHER - SEMPRE UM PONTO DE INTERROGAÇÃO


Quando somos informados que tal dia tal hora haverá toque de recolher, a primeira sensação é de medo. A segunda sensação é de que será verdade ou mentira? Frente à dúvida, é melhor recolher. Ficar em casa. Esvaziar as ruas.Silenciar-se!Na verdade, estamos sendo vítimas da nossa própria língua. Fofoca! Acreditamos nos boatos sem nenhum questionamento. Repetimos os boatos incansavelmente e, muitas vezes, acrescentando detalhes para apimentar ainda mais a notícia. Parece que insinuações e mistérios em torno do toque de recolher criam um cenário eminente de medo.

Vivemos com muito medo.

Normalmente a notícia de que existirá toque de recolher vem acompanhada de um crime.Os boatos
vêm de vários lugares e repetimos incessantemente. Os repetidores até criam histórias e inventam outras para espalhar o pânico. Foi o traficante do bairro que deu a ordem. Foi o chefe do crime da região. A ordem do toque de recolher veio de dentro da cadeia. E a justificativa é quase sempre de que alguém do crime foi assassinado pela polícia. Será verdade? Quem realmente está por trás desses boatos que fecham o comércio? As mães vão à escola do bairro buscar seus filhos apavorados.

Sensação que estamos desprotegidos.

Ônibus são incendiados. O Governo justifica esse dia de pânico de forma burocrática. Está tudo sob controle. Não existia nenhuma instituição criminosa organizada. Temos o controle! Quem realmente está por trás desses boatos? Quem? A quem interessa destruir ônibus? A quem interessa fechar zonas inteiras de comércio? As explicações não convencem. E cada dia aumentam ostoquesde recolher pela cidade.

Quem está mentindo?

No México, nos Estados pobres, as milícias comunitárias formadas por moradores combatem o crime no lugar do Estado. O Estado não existe nesses lugares no México. Aqui é outra situação, mas existe um ponto comum entre nós e eles - ausência de políticas públicas. O que tem piorado aqui também é a distância dos políticos dos interesses coletivos da população. Afinal, quem está por trás do toque de recolher eque tem espalhado tanto medo?


Indignação. 

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