Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

terça-feira, 22 de julho de 2014

QUANDO A CONVERSA É SEXUALIDADE E QUANDO O ASSUNTO É SEXO, A PORCA TORCE O RABO.



Pai, estou namorando! Mãe, estou namorando!Ah! Como reagimos? Atônitos!A voz embarga? Sentimento de traição? Os pais, quase sempre desavisados, sentem que o chão saiu debaixo dos pés. Diante da notícia, percebem que os filhos ou as filhas cresceram e eles não perceberam. Continuar crescendo é difícil para todas as idades. 

Assunto tabu quando tocamos nesse tema, é veladamente. Psiu! Fala baixinho pode ter alguém ouvindo.
Uma reação inusitada: uma amiga quebrou tudo o que encontrou pela frente quando foi avisada por uma amiga que a filha estava namorando, nem o telefone escapou da sua ira. Aos gritos e descontroladamente,ela queria saber se a filha continuava ainda virgem. Lamentou: não era isso que deseja pra ela (a filha).Sua... Não era o que eu esperava de você. Sua... O que eu vou dizer para seu pai? Todos os moradores do prédio ouviram a conversa. As mães se sentem traídas nesses casos.

Muitos fofoqueiros adoraram ouvir quase tudo- no dia seguinte tinham o que falar, fuxicando. Outros se sensibilizaram. Os pais são os últimos a saber. Quase sempre.
Dissimulação.
O pai, normalmente, responsabiliza a mãe quando a filha começa a namorar. Quando a filha inicia sua vida sexual, a mãe também é culpada. É cômodo demais. Deixei a educação dela na sua não,cobram os pais. Se eu tivesse cuidado teria sido diferente. Como diferente? Como alguns pais se comportam tão covardemente!Mas quando o namoro é anunciado pelo filho homem, opai homem reage de forma completamente diferente. Os pais dizem: “cuidem de suas cabras porque meu bode está solto”.Puro machismo latino.

Os filhos crescem e os pais não amadurecem.

Recebi outro dia a visita de uma amiga desesperada e aos prantos. Queria desabafar e falar sobre a filha. Tinha descoberto que a filha tinha arrumado uma namorada. Como eu lido que essa situação? Choro! A cada indagação as lágrimas desciam torrencialmente. Não posso aceitar essa situação. Fui educada em uma família tradicional. O que os outros vão dizer? Se o pai dela ficar sabendo pode acontecer uma tragédia. A cada frase a culpa a atormentava e dilacerava os seus conceitos tradicionais sobre a sexualidade.

A culpa é um martírio.

Não é como antigamente que, quando de uma gravidez de mãe solteira, essa era expulsa de casa. Excomungada!Jogada na rua. Ignorância! Segundo os antigos, ninguém se casaria com uma mulher com filho(a) e ainda solteira. Estava condenada e estigmatizada como mulher desonrada. Acho que isso não acontece nos dias de hoje.

A ignorância é aterradora.

Depois de muita conversa, minha amiga foi se acalmando e começou a dizer o que lhe incomodava tanto nessa relação. Discutimos que ela deveria estabelecer critérios do que era aceitável e não aceitável nessa relação diante da família. Envolveu os irmãos e as coisas foram se resolvendo. Ficou claro para todos que aquela relação estava em um contexto e que o respeito em relação às diferenças passava a ser importante.

O homem.

O pai tomou uma posição de indiferença como se essa situação não fosse com ele. Nem todo pai é assim. 
O dialogo ainda é a melhor saída.

Um pai entrou na coordenação da escola empurrando a porta e, agressivo, aos gritos, dizia como que a escola não tinha avisado que seu filho era homossexual. Essa não é a função da escola, disse a coordenadora com firmeza. O pai aos poucos foi se acalmando. Nunca aceitou a opção do filho.O homem caiu num choro sentido. Talvez a culpa e o preconceito sejam as piores coisas que existam nessa situação. O final aqui não foi feliz até onde acompanhei.O filho saiu de casa e foi construir sua vida distante da família.

Família envergonhada aos olhos preconceituosos.

Outro dia recebi um cartão de um país da Europa em que um homem (ex-aluno) assumiu a sua homossexualidade. Tem uma boa profissão. Bem-sucedido. Se o diálogo e a aceitação das diferenças fossem aceitos sem preceitos e preconceitos, esse tema teria deixado de ser tabu há muito tempo.  
Nem todo final é feliz.


PS: aqui são pedaços de histórias que muitos educadores lidam no seu cotidiano de sala de aula (escola). 

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