Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

QUASE SEMPRE FRAQUEJAMOS DIANTE DA IDEIA DA MORTE


 Só diante da ideia da morte desfalecemos, paulatinamente. Nesses últimos quarenta dias passei uma experiência ruim - eu poderia estar com uma grave doença. Poderia?Sempre evito ao máximo fazer exames para não correr o risco de saber que possa estar com algum problema de saúde. “Neura”.

Estou me preparando para uma cirurgia de reparação depois que fiz gastroplastia. Fiz alguns exames preliminares de rotina. A tomografia apresentou dois cistos de sete centímetros nos rins. Fui encaminhado a um especialista para analisá-los. Nesse tempo que durou a espera para saber do resultado, um pouco mais de um mês, foi angustiante.Pensei que ia morrer. Pensei que estava a caminho de passar para o outro lado.

Bate uma solidão.

A ideia de que os cistos pudessem ser malignos me deixou arrasado e emotivo. É torturador. Lágrimas. Com o impacto da notícia exclamamos! Oh, myGod. Tinha que ser comigo?Fico pensando em pessoas que não acreditam no mundo metafísico. Como deve ser a reação delas. Deixa pra lá. A minha reação foi explosiva. Acordava de noite olhando o teto com uma sensação de vazio. Olhar triste. O desânimo tomou conta. Penso que quase todos nós sofremos antecipadamente sem necessidade.

Não seria melhor se tivesse pensado que tudo ia dar certo?

Até sair o diagnóstico do médico, que foi negativo, imaginei muita coisa. Muita besteira (risos). O senhor vai morrer com esse cisto e não vai morrer dele. Ufa! Sorriso largo. Um abraço na filha e na companheira. Continuar a vida e intensamente,depois de toda explicação na linguagem médica do que eu tinha nos rins. A chance de ele ser maligno era muito pequena. Parei para pensar o quanto de pensamento negativo produzi em tão pouco tempo. Eu que sempre fui e sou muito otimista.

Fiquei tão impressionado que uma dor apareceu e a sensação que ela estava no pulmão. Era apenas uma dor na coluna.

Depois de saber da existência do cisto, em dois dias agucei meu senso de humor. Como forma de defesa. Pensei em escrever meu inventário de besteirol. Chamei meu filho e disse que deixaria uma lista do quenão gostaria de ver no meu velório. Os hipócritas estariam todos de fora. Amigos da onça também. Queria música, como foi no velório do meu pai. E muita alegria. De preferência que ninguém chorasse. Sei que é difícil pedir isso. Tem gente que ama a gente de verdade.


Ninguém em sã consciência, mesmo sabendo que pode existir um mundo do outro lado(com exceção dos kamikazes e dos homens-bomba que acreditam piamente na existência desse outro mundo),todos querem continuar aqui bem perto das pessoas que gostamos. Pensa bem, imagina você chegar do outro lado e descobrir que foi enganado. O que tem de gente sem palavra...

terça-feira, 22 de julho de 2014

QUANDO A CONVERSA É SEXUALIDADE E QUANDO O ASSUNTO É SEXO, A PORCA TORCE O RABO.



Pai, estou namorando! Mãe, estou namorando!Ah! Como reagimos? Atônitos!A voz embarga? Sentimento de traição? Os pais, quase sempre desavisados, sentem que o chão saiu debaixo dos pés. Diante da notícia, percebem que os filhos ou as filhas cresceram e eles não perceberam. Continuar crescendo é difícil para todas as idades. 

Assunto tabu quando tocamos nesse tema, é veladamente. Psiu! Fala baixinho pode ter alguém ouvindo.
Uma reação inusitada: uma amiga quebrou tudo o que encontrou pela frente quando foi avisada por uma amiga que a filha estava namorando, nem o telefone escapou da sua ira. Aos gritos e descontroladamente,ela queria saber se a filha continuava ainda virgem. Lamentou: não era isso que deseja pra ela (a filha).Sua... Não era o que eu esperava de você. Sua... O que eu vou dizer para seu pai? Todos os moradores do prédio ouviram a conversa. As mães se sentem traídas nesses casos.

Muitos fofoqueiros adoraram ouvir quase tudo- no dia seguinte tinham o que falar, fuxicando. Outros se sensibilizaram. Os pais são os últimos a saber. Quase sempre.
Dissimulação.
O pai, normalmente, responsabiliza a mãe quando a filha começa a namorar. Quando a filha inicia sua vida sexual, a mãe também é culpada. É cômodo demais. Deixei a educação dela na sua não,cobram os pais. Se eu tivesse cuidado teria sido diferente. Como diferente? Como alguns pais se comportam tão covardemente!Mas quando o namoro é anunciado pelo filho homem, opai homem reage de forma completamente diferente. Os pais dizem: “cuidem de suas cabras porque meu bode está solto”.Puro machismo latino.

Os filhos crescem e os pais não amadurecem.

Recebi outro dia a visita de uma amiga desesperada e aos prantos. Queria desabafar e falar sobre a filha. Tinha descoberto que a filha tinha arrumado uma namorada. Como eu lido que essa situação? Choro! A cada indagação as lágrimas desciam torrencialmente. Não posso aceitar essa situação. Fui educada em uma família tradicional. O que os outros vão dizer? Se o pai dela ficar sabendo pode acontecer uma tragédia. A cada frase a culpa a atormentava e dilacerava os seus conceitos tradicionais sobre a sexualidade.

A culpa é um martírio.

Não é como antigamente que, quando de uma gravidez de mãe solteira, essa era expulsa de casa. Excomungada!Jogada na rua. Ignorância! Segundo os antigos, ninguém se casaria com uma mulher com filho(a) e ainda solteira. Estava condenada e estigmatizada como mulher desonrada. Acho que isso não acontece nos dias de hoje.

A ignorância é aterradora.

Depois de muita conversa, minha amiga foi se acalmando e começou a dizer o que lhe incomodava tanto nessa relação. Discutimos que ela deveria estabelecer critérios do que era aceitável e não aceitável nessa relação diante da família. Envolveu os irmãos e as coisas foram se resolvendo. Ficou claro para todos que aquela relação estava em um contexto e que o respeito em relação às diferenças passava a ser importante.

O homem.

O pai tomou uma posição de indiferença como se essa situação não fosse com ele. Nem todo pai é assim. 
O dialogo ainda é a melhor saída.

Um pai entrou na coordenação da escola empurrando a porta e, agressivo, aos gritos, dizia como que a escola não tinha avisado que seu filho era homossexual. Essa não é a função da escola, disse a coordenadora com firmeza. O pai aos poucos foi se acalmando. Nunca aceitou a opção do filho.O homem caiu num choro sentido. Talvez a culpa e o preconceito sejam as piores coisas que existam nessa situação. O final aqui não foi feliz até onde acompanhei.O filho saiu de casa e foi construir sua vida distante da família.

Família envergonhada aos olhos preconceituosos.

Outro dia recebi um cartão de um país da Europa em que um homem (ex-aluno) assumiu a sua homossexualidade. Tem uma boa profissão. Bem-sucedido. Se o diálogo e a aceitação das diferenças fossem aceitos sem preceitos e preconceitos, esse tema teria deixado de ser tabu há muito tempo.  
Nem todo final é feliz.


PS: aqui são pedaços de histórias que muitos educadores lidam no seu cotidiano de sala de aula (escola). 

domingo, 20 de julho de 2014

UMA CARTA DE APRESENTAÇÃO: RUBEM ALVES VEM AÍ



Deus,

receba o educador Rubem Alves com muita festa e alegria. Aqui, nesta terra de meu Deus, ele dedicou a sua vida inteira à humanidade. Cativou-nos com seus livros que sempre apontavam o caminho da esperança... Nunca esboçou um dedinho sequer de tristeza. Se cometeu esse pecado, foi às escondidas. Sempre com o sorriso maroto ia colocando palavras na nossa cabeça que provocavam inquietações. Não vejo mal nenhum nisso. Também penso que o Senhor gosta de gente inquieta.

Na verdade acho que não precisaria escrever esta carta de apresentação. O Senhor deve conhecer Rubem melhor do que nós. Em quase todos seus escritos tinha um lugarzinho reservado ao Senhor. Falava de amor como se estivesse seguindo a Sua orientação. Muita gente não entendia como ele deixava as palavras tão coloridas e cheias de esperança. Cores que transformavam vidas. Cores que fortaleciam aquela vontade louca de construir um mundo melhor. Gente assim dispensa apresentação.


Como sei que o Senhor anda muito ocupado, quero lhe fazer apenas um pedido:arrume um canto para o poeta Rubem Alves, onde ele possa brincar com as palavras. Onde ele possa escrever livros. Onde ele possa falar com as pessoas. Com certeza ele vai encantar um pedacinho do céu. Encanto! Uma última observação: mas oque ele mesmo gosta é de inquietar. Toda carinho com nosso Rubem Alves. Alves - um encantador de gente.

sexta-feira, 18 de julho de 2014

CARNAVAL, COPA DO MUNDO, AGORA ELEIÇÕES...



Que tal nos comportarmos de forma diferente nestas eleições? Deixar de lado todas as pedras (no sentido figurativo) que gostaríamos de atirar nos políticos e analisá-los, a partir daquilo que desejamos para nosso cotidiano?Esse desejo não pode ser individual,mas,sim, coletivo. Combinado. Analisaremos como nos comportamos ou deveríamos nos comportar diante da enxurrada de informações que receberemos, daqui para frente,de todos os candidatos.

Ora, todos os candidatos sem exceção se apresentam como um produto exposto em uma prateleira (gôndola) de supermercado. Impecáveis. Gastam milhões para aparecer aos nossos olhos como defensores dos nossos interesses,sempre simpáticos! Já que se oferecem como produtos, então vamos comprá-los como tal e com muita cautela.

A primeira observação é olhar a validade do produto. Prevenção. Não compramos produtos perecíveis para colocar na mesa de casa? Olhar o enunciado que apresenta o produto. A etapa seguinte é pesquisar a origem do produto. 

Muito cuidado, quem vê cara não vê coração. Questionamentos. O candidato que se apresenta já teve algum cargo no poder legislativo ou executivo? Como foi seu desempenho? É bom conhecer a história desse produto todo pomposo e, agora, solícito.

Apenas uma advertência: essas indagações não impedirão você de votar errado de novo. Todos (quase todos) os candidatos criam uma imagem de vida associada a sofrimento. Dessa forma, nos sensibiliza. Somos um povo emotivo. Muito cuidado!Cuidado, principalmente com as histórias de vida tipo melodrama mexicano.

Mesmo com todo cuidado, a embalagem dos produtos pode ser enganosa. Pode dizer uma coisa e ser outra.

Há um tempo diria que a história de um candidato era importante e bastava no sentido da nossa escolha. Agora, não é bem assim, eles estão muito parecidos. Fica difícil decidir. Fica difícil escolher.

Aqui, com meus botões, não é tão difícil escolher um candidato. Como anda a saúde da sua cidade? Como anda a educação da sua cidade? Como anda a segurança da sua cidade? Como anda a mobilidade urbana na sua cidade? Penso que essas perguntas podem ajudar a escolher ou formar o perfil de um candidato. 

Além disso, uma forma coletiva de pensar a política com ética que tanto desejamos.

Franqueza é uma coisa importante na vida. Ou nos comportamos como cidadãos que realmente queremos ser,uma educação melhor, um atendimento humano na saúde, segurança e um transporte melhor, ou estamos perdidos. Se tivermos preocupação com a política como temos com o futebol as coisas seriam diferentes. Adoro futebol. Não vale votar em troca de um cargo que vai compensar você, individualmente. Sabe, não vale o jeitinho... Se conseguirmos pensar na escolha de um candidato, a partir das nossas necessidades sociais, com certeza eliminaremos muitos candidatos sem noção do que é servir a sociedade.

Mesmo assim podemos cometer erros. Errar faz parte da nossa caminhada... O que não podemos é deixar os outros decidirem pela gente ou fazer de conta que política é algo distante e que não faz parte da nossa vida. Os produtos engomadinhos adoram esse tipo de comportamento. Até agora analisamos a aparência, a embalagem, falta olhar o conteúdo desse nosso produto. Aí precisamos aguçar os nossos olfatos. Esse critério também é importante - para escolher um candidato preciso escrever outro texto.


Muitos critérios de escolha de um candidato dependem muito de como nos comportamos. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

PERDEMOS A COPA DO MUNDO


Este texto merece começar com as seguintes máximas: Ninguém se lembra do vice. Quem ficou mesmo em segundo lugar? Quem ficou em terceiro lugar? Alguém ficou em quarto?Para milhões de brasileiros que gostam de futebol queríamos de verdade ter colocado a mão na taça. Não conseguimos!No jogo contra a Alemanha perdemos feio. Ficamos atônitos. Inacreditável! Inexplicável! Essas eram as palavras mais ditas pelos torcedores para justificar a derrota.

Queremos mesmo é ficar sempre em primeiro lugar, mas nem sempre é possível. 

A ficha cai...

Ora, depois de alguns dias que a ficha começa a cair, paramos para pensar.Pensar? Nenhuma seleção ganha uma Copa do Mundo no grito. Ora, grito e entusiasmo foram sentimentos que não faltaram... Gritamos com todas as forças. Todas mesmo! Exaustivamente.

Fomos desonrados dentro de casa. Será?

Começamos a perder a Copa quando grupos ligados aos seus interesses políticos e econômicos passaram todos esses anos metendo a lenha no Brasil. Criaram um espectro que não éramos capazes de organizar um evento dessa proporção.
As previsões catastróficas sobre a realização da Copa do Mundo no Brasil não se realizaram. O evento foi um sucesso!
Criou-se uma imagem negativa aqui e lá fora. Uma tentativa amadorística para mostrar uma insatisfação com o atual governo (que merece crítica). Infelizmente,confundimos paixão nacional com política (com maldade). Não era hora de misturar alhos com bugalhos. O tiro saiu pela culatra. Sucesso. Pesquisas mostraram que uma boa parte dos brasileiros estava orgulhosa com as realizações do evento.

Previsões babilônicas.

Os aeroportos vão se transformar em um verdadeiro caos. Os estádios não ficarão prontos. Vamos passar uma vergonha internacional. A mobilidade até os locais dos jogos que já são ruins vão piorar ainda mais. Vamos passar vergonha. As previsões caíram por terra. Os estrangeiros adoraram a organização. Alguns declararam amor ao Brasil.

Estamos esquecendo de jogar bola.

Faz tempo que estamos perdendo a Copa. Falta de planejamento. Corrupção. O mercado (investidores) cria ídolos em segundos e vendem por muito dinheiro. Cuidar de jogador virou um bom negócio. Cadê os nossos jogadores? Cadê os clubes? Querer culpar o Fred pela péssima campanha da seleção é não querer ver que o buraco é mais embaixo.

Sabíamos que não chegaríamos à final. Vivemos de ilusão. Fantasiamos. Adoramos heróis. Que não são tão heróis assim. Jogamos bem só no primeiro tempo contra a Colômbia. Nos outros jogos contamos com a sorte (trave e erro do árbitro). Tínhamos que mentir, criar uma bolha ilusória de que poderíamos ser hexa. Talvez, por isso,gritássemos tanto. Quem grita muito é porque não tem razão.

Como somos covardes. Queríamos jogar toda responsabilidade de ganhar o título nas costas do Neymar. Esquecemos que futebol é um jogo coletivo. Assim é fácil. Temos uma capacidade nacional de transformar heróis em vilões em questão de segundos. Os garotos do Brasil foram guerreiros. Choraram quando perceberam que não poderiam chegar lá. Queriam nos presentear com a taça. Não sejamos ingratos. Gratidão é uma virtude.

Lembram o que fizemos com Barbosa na década de cinquenta?


PS: na madrugada de sábado acordei em sobressalto com gente gritando que a Argentina tinha ganhado a Copa do Mundo no Brasil. Imaginem, aguentamos 64 anos os uruguaios tirando um sarro com a nossa cara. Não resistiria mais 64 anos Los Hermanos dizendo que ganharam a Copa no Brasil. O pior é ouvir que Maradona é melhor que Pelé. Risos. 

quinta-feira, 10 de julho de 2014

CHORE À VONTADE BICHO!


Depois do choro dos jogadores da seleção brasileira no jogo contra o Chile, alguns especialistas discutem se chorar é um sinal de fraqueza (especialistas - leiam palpiteiros). Caramba! Deixa os meninos chorarem. O choro muitas vezes funciona como um alívio. Um alívio para nossas aflições. Choramos às vezes de alegria. Nunca nesta minha vida ouvi dizer que chorar faz mal. Chorem!

Quem já não chorou aquele choro sentido que chega até a faltar o ar? Esse choro que sufoca é quando nos decepcionamos com alguma coisa que prezamos muito. Tem o choro reprimido que sai como um chiado de gato. Psicólogos,quando perdemos?Choramos acompanhados de um soluço horrível. Chega até engasgar! Não acho que seja algum sinal de fraqueza chorar! Você acha? Os meninos do Brasil estão sofrendo uma pressão do caramba.

Hexa, hexa, hexa! Imagine a pressão! Ponha pressão nisso! Apenas joguem bola, garotos.
Se nós, que estamos do outro lado e de frente para a telinha, choramos bravamente,imaginem eles! Se a seleção tivesse perdido o jogo contra os chilenos, coma nossa voracidade e frustrações diárias levaríamos nossos jogadores canarinhos à forca. Como fizemos com o goleiro Júlio César na última copa. Coisa feia! Já esqueceram? Ele não esqueceu

Quando ganhamos,ganhamos juntos. Quando perdemos,temos que achar alguém para ferrar!
Júlio César chorou como homem. Com emoção. Colocou as mágoas para fora. Esperou quatro longos anos... Equilibrou-se e fez duas defesaças! Que alívio. Cadê os comentaristas esportistas que escacharam o goleiro Júlio César durante todo esse tempo?Cadê?

Não temos tolerância com os erros do outros.

Que tipo de choro você prefere?

Aquele choro escondido que ninguém ouve? Aquele choro minguado quando revelamos nossos segredos? Segredos revelados para a escuridão de quatro paredes. Segredos revelados deitados na areia do mar. O único ouvinte - as ondas. Podem chorar. Chorem como os meninos do Brasil.

Quantos segredos a lua não guarda? Quem já não chorou pedindo socorro para a lua? Muitos de nós!

Um jornalista destes noticiários empastelados comenta com autoridade que muitas empresas veem no choro um sinal de fraqueza. Ora, essas empresas deveriam eleger os chorões para seus melhores cargos. Esses ainda têm o sentimento à flor da pele. São criativos. Mostram o que são.  

quarta-feira, 2 de julho de 2014

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: ALGUMAS OBSERVAÇÕES

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) e depois o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e da Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) foram um avanço para a melhoria do investimento na educação, nas últimas duas décadas. É inegável.

Os dois Fundos inovaram principalmente na forma de distribuir os recursos para os Estados e Municípios,e determinaram metas a serem atingidas. Talvez o tempo para atingir essas metas fosse longo demais. Poderiam ser planejadas com objetivos que fossem impactantes. Com resultados imediatos. 

Uma observação pertinente, relacionada aos fundos,refere-seàs constantes denúncias de desvios desse dinheiro do seu destino. Podemos acreditar que os órgãos de controle existentes dessas verbas não funcionaram com eficiência. Talvez o maior empecilho de que os resultados pudessem ser melhores na Educação é a cultura do clientelismo político que assombra principalmente os municípios. Apesar dessas questões, houve avanços significativos na educação básica e fundamental, mas,pela dimensão do projeto,os avanços foram muito tímidos.

O Plano Nacional de Educação, aprovado pelo Congresso, destina 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação. Reivindicação antiga. Sem dúvida, positiva. Talvez o grande problema a se enfrentar seja o emaranhado dos caminhos para essa verba ser aplicada com competência e vencer o clientelismo político das forças locais (Legislativo e Poder Executivo). A falta de gestão e os projetos sem metas claras, objetivos e resultados quase inexistentes nas Secretarias, principalmente municipais,fazem com que essa verba dilua,não chegue ao seu lugar de origem que é a escola. Que é a carteira do aluno. Que é a melhoria do ensino público!

Nenhuma novidade até então. Precisa existir uma fiscalização competente para que essa verba, agora maior, melhore os índices da melhoria da qualidade do ensino.A maioria dos membros dos conselhos ligados à educação é apadrinhada (muitos cabides de emprego). Dessa forma, o controle da verba da educação fica à mercê de grupos especializados em desviar verbas públicas do seu destino.

Alguns membros dos conselhos fazem vista grossa às irregularidades e não querem problemas. Muitas vezes a documentação para uma possível investigação é negada. Os conselheiros, às vezes, não conseguem lidar com processos técnicos demais.   

A culpa pelo fracasso da educação não é apenas dos conselhos. Ingenuidade acreditar nessa hipótese. Falta vontade política. Falta um Plano Nacional para que seja levada a sério a educação. Talvez seja necessário cortar verbas de quem não atinja as metas, objetivos e resultados determinados pelo Plano Nacional de Educação. Mexer no bolso.

Nem tudo está perdido.

Onde a atuação dos representantes da comunidade em conselhos é cuidadosa,os representantes sofrem ameaças. Temos gente corajosa. Em alguns casos, os controles de fiscalização funcionam com eficiência. Os resultados são melhores. Uma observação final:os brasileiros que dependem da escola pública precisam participar efetivamente em sua defesa. Não deixe essa responsabilidade para os outros.

Agora, começa a discussão do Plano Municipal de Educação, como referencial do Plano Nacional. O Plano Diretor é fundamental na elaboração desse projeto. Não podemos ter medo de proporcionar uma discussão aberta e honesta do que queremos para a educação do nosso município até 2024,de preferência sem clientelismo.