Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

domingo, 7 de dezembro de 2014

É NATAL... É FESTA DE FINAL DE ANO..


Sabe aquele suspiro que vem lá do fundo da alma (profundamente da alma!)? É assim que,normalmente, nos comportamos quando chegao final de ano.É como se fosse um alívio por termos passado pelos 365 dias do ano intactos, livresdas adversidades que nos rodeiam.Ufa! Sãos e salvos...

Agora, é hora de reflexão.

Há muito que festejar. Festejar as conquistas. Festejar o novo amor. Festejar o emprego que você tanto esperou. Festejar... Motivos para festejar existem muitos. Nem o maior pessimista pode dizer que não existe nada para festejar nesta vida. Sempre tem alguma coisa para ser festejado. Sempre! Não é sempre a mesma coisa como dizem alguns! E só olhar com delicadeza cada dia deste ano que encontrará alguma coisa para ser festejada. É só lembrar!

Agora, é hora de deixar as mágoas de lado.

Coma sem preocupar com os quilinhos a mais. Depois você “manera”. Abrace seu pai, carinhosamente. Abrace sua mãe e a proteja como sempre ela o protegeu. Se eles não estão aqui mais, abrace com saudade as boas lembranças que passaram juntos.

Abrace seus amigos e diga-lhes uma palavra de conforto com a qual eles possam levar e lembrarem-se durante o ano novo que chega (pode ser mais de uma palavra, uma frase). Diga bem baixinho se não tem coragem de dizer bem alto. Diga... Diga alguma coisa. A minha palavra eu escrevo: sucesso, coragem e sabedoria, meu amigo, ou amiga. Pode dizer sem medo e demonstrar seus sentimentos, nestes dias de final de ano sempre estamos esperando algo que nos motive.

Agora, é hora de abraçar e olhar nos olhos.

Aqui, neste breve texto, não tem espaço para desgraças e tinta para as tragédias. Elas aconteceram e estão presentes na nossa memória. Sabemos disso! De forma direta e indireta fomos atingidos. Passou! O otimismo é nossa arma. Recarreguemos as baterias. Logo depois do dia primeiro tudo vai começar de novo... O que vivemos de verdade diariamente é de sonhos e projetos para uma vida melhor.

Agora, é o momento para celebrar...


BOAS FESTAS

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

ZÉ GALINHA


Zé Galinha é aquele tipo que toda cidade tem (caso não tenha, precisa ser inventado!). Sempre arrumando um apelido pra alguém. Sempre alegre! Prestativo! Um grande tirador de saro!Odiado e amado.Não tinha ninguém no lugarejo que não tinha um apelido que não tivesse sido dado pelo Oriovaldo (Zé Galinha).

Quando chegava alguém novo na cidade e descia pela Rua da Matriz, Oriovaldo se dedicava atenciosamente a prestar atenção nos trejeitos da pessoa e já nascia ali um apelido. Parece que ele tinha vindo ao mundo para apelidar os outros. Os apelidos caíam como uma luva nos seus receptores.

Com toda alegria e sua criatividade em apelidar os outros, muita gente não gostava! Muito menos dos apelidos. Além de brincalhão, Oriovaldo era especialista em fazer galinhada com galinha alheia (às vezes frango ou galo, conforme a circunstância). É nessa sua especialidade que entra o galo Edivaldo e o ódio mortal da família Magalhães pelo cozinheiro.

Uma tragédia anunciada. Enquanto Oriovaldo era alegria contagiante,o seu irmão, Totó do Abraão, tinha uma vida dedicada ao misticismo. Não acreditava em nada que não pudesse ser confirmado pelos seus olhos. São Tomé!
Andarilho,Totó falava mal ao vento pelas ruas coloniais da cidade e criticava sem piedade as instituições religiosas e o Deus que elas apregoavam. Não escapavam espíritas, católicos e nem os agnósticos (ateístas). Totó tinha criado seu próprio mundo e inventando deuses e outras loucuras. Assim achavam os evangélicos! Que diziam que ele estava possuído pelo demônio.

Depois a gente volta a falar de Totó.

Zé Galinha, na véspera do Ano Novo, organizou uma galinhada e convidou os amigos do coração. Galinhada nesse dia do ano trazia promessa de boa sorte. Só que as galinhas deveriam ser surripiadas na vizinha.
A noite de ano prometia e muitos moradores ficavam de antena em pé e ligados,prestando atenção no movimento do quintal. Oriovaldo com sua turma aos poucos vinha trazendo as prendas conseguidas. E no meio de centenas de prendas veio o galo Edivaldo (galo adivinhador).
Guerra!

Além do galo de estimação ir para a panela, atrevimento maior foi chamar a família dos Magalhães para participar do banquete. “Este Zé Galinha é um desaforado!”. Gritava aos berros o mais birrento dos Magalhães.” Desaforado!”. Imagine a cena...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

SEPARAÇÃO É DIFICIL


Separação significa deixar para trás coisas que acreditávamos que seriam para sempre. Nem tudo é pra sempre!

Quando nos separamos de alguém com quem combinamos construir uma vida, o mundo desaba. Num primeiro momento o que queremos é achar um culpado pelos fracassos daquela relação que tinha tudo para dar certo. Porque não deu certo?

Nas primeiras avaliações, o culpado é sempre o outro. Aí começa uma história de vitimização. 
A sensação que fica é de um vazio imensurável. Só quem passou por essa situação pode contar sobre esse sentimento. Fiz quase tudo que ele ou ela queria! Quase tudo! Porque não deu certo? Ficamos despedaçados interiormente.

O gosto do metal de péssima qualidade toma conta do hálito quando não encontramos respostas para as fantasias, aquelas que não conseguimos concretizar em uma relação. Eram tantos sonhos e desejos...

Esse sofrimento vale tanto para a relação tradicional ou não. Cada um com sua dor. Dor passageira ou não, cada uma do seu jeito. Porque nos separamos se creditávamos ao outro(a)amor eterno? 

A angústia aumenta demasiadamente quando analisamos do ponto de vista religioso.

Quanto mais perguntamos mais nos culpamos. A culpa é um sentimento que foi inventado pelo diabo. Pode acreditar!

Que culpa tem os filhos em uma separação? Às vezes são esquecidos! São esquecidos como se quiséssemos negar a sua existência. Queremos apagar do nosso pesadelo que eles vieram daquele sonho que acabou às turras (nem todo mundo é assim). Eles existem de carne e osso e sofrem tanto quanto os separados. Separação implica deixar pessoas que você gostou muito. Ainda bem que temos um arquivo chamado lembrança. Para matar a saudade.

Manter as rédeas dos nossos sentimentos para que a coisa não descambe para o desrespeito é difícil também. Quando a relação começa a degringolar voltamos a metralhadora para o amado(a) ou ex-amado(a)e tudo aquilo que não falamos durante muito tempo vem à tona. Coisas que nos magoaram e não falamos em nome do amor perfeito. Nesse ato de desabafo nos aliviamos. Ufa, falei!

Um alívio que vem seguido de um vazio. Vazio que vai melhorando com o passar do tempo e quando vamos analisando e descobrimos que a responsabilidade do fracasso tem que ser dividida. Quanto é duro e doloroso assumir que não somos tão perfeitos quando imaginávamos. 


O melhor é fazer uma avaliação honesta para não ficarmos ranzinzamente insuportáveis. Aceitar viver o que resta da vida introspectiva e sozinha(o). Ora, não existe amor perfeito, existe amor. Sempre que possível devemos estar abertos a outras aventuras sem medo. O término de um casamento não é o fim do mundo.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

AFILHADO


UMA CARTA AO JOÃO GUILHERME

Ao João Guilherme, com carinho,

esperamos que você construa seu caminho com preceitos baseados no humanismo. Ainda é muito cedo para você saber de algumas coisas. Aceitamos este convite para sermos seus padrinhos com o intuito de acompanhá-lo nesta sua missão e passagem por aqui. Esperamos que, com a missão que assumiste no plano espiritual, possamos interferir de forma positiva quando precisar de alguma orientação, meu caro João.Também quando precisar de uma palavra amiga.

Hoje em dia as coisas estão um pouco esculachadas e desmoralizadas, quase tudo que praticamos socialmente é muito ligado à aparência. Quase tudo! Os padrinhos são convidados e logo se esquecem dos compromissos. Nós nos comprometemos a não nos esquecermos da responsabilidade que assumimos diante do mundo espiritual e Deus.

Guilherme, queremos compartilhar contigo o ensinamento da solidariedade. Compartilhar o ensinamento da fraternidade que hoje já está difícil encontrar entre nós. Imagina quando você crescer, o quanto vai ser importante saber sobre esses ensinamentos. Aproveite e aprenda.

Você é um menino de sorte por ter dois casais de padrinhos. A sua chegada foi preparada no mundo espiritual. E muita festejada! Você não imagina? Não deixe de ouvir os conselhos dos seus pais e dos seus padrinhos. Muitas vezes a rua vai lhe oferecer facilidades, nem tudo que é fácil deve ser aceito. Converse e ouça seus pais, sempre! Nunca esqueça que este amor, paterno e materno, foi construído durante centenas de anos (muitas reencarnações). Eles sempre estarão lhe esperando.


Um abraço fraternal dos seus padrinhos

domingo, 23 de novembro de 2014

QUE ÓDIO!


Ódio contra nordestino! Ódio homofóbico! Ódio da Friboi! Outro dia uma senhora no mercado disse que não compraria mais carne da Friboi enquanto a Dilma continuasse dona da empresa.Ódio pela cor vermelha (anticomunismo)!O que está acontecendo com as pessoas que, de um tempo pra cá, começaram a se revelar, sobre assuntos que aparentemente estavam resolvidos, com tanto ódio.Na verdade assuntos que não estavam tão resolvidos,mas encubados em nome do politicamente correto.

Existe uma mistura de ódio com desinformação.

Os comentários de que a Friboi era do filho do Lula também foi pauta (bobagem). Enquanto isso deixamos de discutir coisas importantes. Outro dia um jovem foi hostilizado quando passava pela Paulista e encontrou um grupo querendo o impedimento da Presidenta Dilma e, outro, a volta dos militares. Haja ignorância! Parece que estamos entrando em um frenesi apocalíptico.

Violência cega!

Um grupo de jovens espancou outro jovem até a morte por achar que ele era gay. O que determina que alguém seja isso ou aquilo? A roupa? O jeito de falar? O jeito de andar? O que determina que se possa espancar alguém até a morte? O que, afinal? Existe um padrão físico? Existe um padrão na vestimenta?

Linchamento!

Uma senhora ainda moça (mãe) foi linchada no litoral por um motivo banal. Alguém postou nas redes sociais que ela fazia feitiçaria com crianças. Será que não aprendemos nada com os acontecimentos como o caso da escola de base? Cenas animalescas.

O pior de tudo é que muitos que estão provocando esse tipo de situação de ódio e gente de “catigoria” (também tem gente sem “catigoria”nenhuma nesse meio).

Será que adianta escrever sobre esses movimentos? Intituláveis! Penso que sim. Seria a mesma coisa que colocar um doce em uma estante e pedir para uma criança não mexer. Parece que existe uma convicção autoritária de que tudo isso está certo para defender o status quo. Uma defesa imbecil contra o comunismo. Argumentos irracionais! Sem sentido! Descontextualizados. Que ódio é esse? Será que estamos entrando na onda da barbárie? 


Que nada, já estamos nela faz tempo... Nunca saímos!

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

TRATADO GERAL DAS GRANDEZAS DO ÍNFIMO


Manoel de Barros,
saudades


TRATADO GERAL DAS GRANDEZAS DO ÍNFIMO

A poesia está guardada nas palavras-é tudo que eu sei. 
Meu fado é o de não saber 
quase tudo.
 Sobre o nada eu tenho 
profundidades.
Não tenho conexões 
com a realidade.
Poderoso para mim não
é aquele que descobre ouro.
Para mim poderoso é aquele que 
descobre as insignificâncias
( do mundo e as nossas)
Por essa pequena sentença
me elogiaram de imbecil.
Fiquei emocionado.
Sou fraco para elogios.

domingo, 2 de novembro de 2014

CAMPANHA ELEITORAL DOS ENSANDECIDOS


“Experimentar a diferença de ideias mansamente é uma das evidências da amizade”!
                                                                                                                 Rubem Alves

Um pouco de tudo aconteceu nesta última campanha eleitoral, mas o que prevaleceu foia desinformação diante de tanta informação, mesmo que, às vezes, manipulada!

Muitos temas elencados nas redes sociais produziram falatórios e brigas em uma proporção descabida. Sem sentido! Dando vazão a frases preconceituosas à beira do ódio e rancor (na maioria das vezes os candidatos e os eleitores deixaram de discutir o que realmente interessava...). Ora, o que assistimos de fato nesses dias de campanha foi a“velha” luta de classes aflorando e mostrando as diferenças entre as várias classes sociais,sem deixar de lado a alienação diante dos mecanismos que fazem funcionar a sociedade.

A que classe social você pertence?

Bastava declarar o voto a um candidato que contrariasse a escolha de outro eleitor (amigo ou não...) para o xingamento tomar conta da relação... (amizades de longas datas foram interrompidas). Bobagens!

Talvez isso mostre um pouco,realmente, como somos intolerantes diante das diferenças. Somos iguais só da boca pra fora. Esta rixa entre São Paulo e o Nordeste é tão viva dentro das pessoas que chega a amedrontar. O preconceito contra o negro e as minorias tomou dimensões assombrosas. Foi muito bom que esses sentimentos viessem à tona na medida em que denunciaramo quanto, ainda, precisamos trabalhar questões que nos atormentam quando se trata de diferenças ou de diferentes.
Grande engano quando achávamos que a democracia resolveria esses sentimentos e costumes. Eles estão arraigados na nossa História. Arraigados em nossa memória. Arraigados no inconsciente coletivo. 

Outra argumentação até ingênua nessa eleição tomou dimensão idiotizante. De um lado os pobres e do outro os ricos. Foi um samba do crioulo doido, pobre defendendo rico e rico defendendo pobre. Parece que não temos um conhecimento de como funciona o mecanismo dos meios de produção que nos incapacitam para termos noção do que somos nessa estrutura capitalista (no comunismo não seria diferente).

O que você é:pobre ou rico?

Deixamos mais uma vez de discutir aquilo que interessa. Ótimo para os políticos. O que tinha de gente sem noção nessa eleição foi absurdamente assustador. Tudo vale como aprendizado. Algumas pessoas estavam tão envolvidas emocionalmente e comprometidas com a desinformação que sua pauta reivindicatória era a volta dos militares ao poder. Besteira! (Viva a democracia!).

Um aspecto negativo dessa eleição foi pautar a corrupção como se fosse uma invenção de quem está no poder atualmente. A corrupção não é uma invenção nacional. A corrupção não é uma invenção de quem está no poder independente da época. A corrupção surgiu com a humanidade. O que precisa é criar mecanismos para coibi-la.

Esse purismo de que meu partido vai ser melhor que o outro...ilusão! Talvez aí esteja um motivo porque nos decepcionamos com a política e com os políticos. Deveríamos nos decepcionar com nossas posturas preconceituosas. Temos que mudar o mecanismo que faz funcionar essa engrenagem. Além disso, mexer com a gente naquilo que desejamos para a sociedade. Corrupção é um vício que está engendrado em todos os setores da sociedade. Como é fácil apontar o dedo em riste para o outro. 

Como é difícil olhar para o próprio umbigo.

Fazer de conta...
Qual a vantagem que posso tirar disso ou daquilo e se fodam os outros, o esperto é livrar minha cara (nem todo mundo é assim...).
Orgulho de ser brasileiro!

Vivemos em um país democrático. 

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

LIRA PAULISTANA: BOAS LEMBRANÇAS.



                                                                                                                                                                                                                                                                                                    HOMENAGEM
                                                                                                                  Saudades Gérson Marcelino
No final da década de 70 e 80, os movimentos sociais e culturais começavam a emergir contestatoriamente contra os porões da Ditadura Militar (como dizia uma amiga na época: dita cuja). Resistência - os movimentos nesse período de transição emergiam com uma voracidade impressionante em vários lugares da cidade (São Paulo). Pequenos movimentos e locais foram tomando conta da cidade e exigindo mudanças viscerais e transformando costumes. O Lira Paulistana foi e será sempre esse lugar mágico que nos ensinou a olhar a cultura nas suas muitas facetas (foi uma escola). 




Aqui, de Cotia, de busão íamos com a trupe até o largo de Pinheiros e subíamos a Teodoro Sampaio, a pé, até o Lira (a grana era curta). A primeira vez que entramos naquele espaço foi impactante, muita gente e fumaça prá caramba e, no palco, Língua de Trapo. Inacreditável!Um sonho pra época!

De volta pra casa no primeiro busão da madrugada, entusiasmados, indagávamos que banda maluca era aquela, quebravam todos os padrões até então. Éramos Libilu (jornaltrabalho). A maioria do grupo era militante da Libilu, em cima do que tínhamos visto e ouvido, elucubrávamos altos projetos de cultura. Todas as vezes que íamos ao Lira saíamos de lá esperançosos de que podíamos pintar um quadro de um Brasil diferente.

Feira da Vila Madalena

Durante o ano esperávamos a Feira da Vila para ver as novidades, ali outro celeiro de boa cultura (estou evitando usar o termo alternativo e independente).

Com pouco dinheiro, nesse final da década de 70 e início de 80, fazíam os nosso roteiro cultural. Durante a semana esticávamos as pernas até o SESC Pompeia para assistir a gravação do Programa Fábrica do Som. Nesses espaços, ficávamos cara a cara com Aroldo de Campos, Jorge Mautner e tantos outros. Não existia esta babaquice de celebridades. Celebrávamos a inteligência.
Grátis!!!

Performance na faculdade de História da USP,show no relógio da universidade. Onde tinha uma luz que espargisse cultura,de preferência contestatória,estávamos lá. Outro critério importante era o valor que teria que ser levado em conta: ser gratuito (risos).

Não perdíamos um show no Parque do Ibirapuera e no Vale do Anhangabaú. Não me lembro do nome da peça que um grupo francês apresentou em um final de tarde no Vale. Lembro muito bem que vi e ouvi e senti. Uma peça com múltiplas linguagens: (nunca tinha visto aquilo na minha vida). Bem ali no Vale e grátis. 

Longe de qualquer saudosismo babaca e rançoso,buscávamos caminhos novos que questionassem quase tudo que fosse institucional. Queríamos falar, gritar e sermos ouvidos e propor projetos e participar da política. Que coisa bacana esse livro e o documentário do Jornalista Riba de Castro sobre o Lira Paulistana.

Li o livro e assisti o documentário com alegria e a lembrança foi reafirmada pelos cartazes artesanais e o muro do qual sempre esperávamos o próximo grafite. Confesso que quando comecei a ler o livro me coloquei como coadjuvante e saquei rapidamente que eu e meus amigos fomos protagonistas da História desse canto (encanto) da cidade de São Paulo.  


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

OBRIGADO PELO CARINHO.


A maior riqueza 
do homem
é sua incompletude
Manoel de Barros

UM BILHETE

Neste sábado estarei realizando uma cirurgia de correção, depois de uma cirurgia bariátrica. Antecipadamente. Quero agradecer cada gesto de solidariedade, de incentivo dos amigos de coração. Antecipadamente, agradeço aos amigos que vieram me dar um abraço em aqueles que mandaram um bilhete eletrônico torcendo de forma diferente, independente da sua crença. Agradeço também aos amigos que se colocaram a disposição. São gestos simples assim, que mostra que vale apenas continuar acreditando no ser humano. Obrigado!

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

VOU ALI E VOLTO...



E aprendi a viver em pleno vento” 
Sophia de Mello Breyner Andresen

Entro em férias esta semana... Outra vez? Calma! Não são férias dessas que fazemos normalmente, vou fazer uma cirurgia, logo estarei de volta. Não são férias para descansar, mas para cuidar do corpo e da alma. Há sete anos fiz uma gastroplastia (bariátrica),agora vou fazer as correções necessárias. 

Não deixa de serem férias diferentes.

Quero agradecer aos leitores do meu blog que acompanharam e leram meus textos que foram publicados este ano e dizer que vou ficar trinta dias em recuperação (se eu conseguir ficar esse tempo todo sem publicar alguma coisa). Até o mês de agosto recebi 12.500 visitas que me deixam feliz demais. Obrigado pelo carinho e pela atenção.


Aos leitores do Portal Viva agradeço as visitas na coluna que mantenho no espaço dessa revista eletrônica. Logo estarei de volta. Deixo na bala da agulha uma ideia de escrever um artigo de como funciona a cabeça de um gordo que fez redução de estômago (risos). Um único pedido que faço a esses amigos, muitos deles virtuais, que torçam para que tudo dê certo. Já deu certo!Ah! Já estou com saudade de cada um de vocês!

domingo, 24 de agosto de 2014

PAIS CONDESCENDENTES OU INDIFERENTES?



Quem já não recebeu visita de amigos em que os filhos ou filhas detonam a casa? Muitas vezes com a condescendência dos pais.Muitas vezes com a indiferença dos pais. As crianças vão mexendo em tudo que encontram pela frente. Algumas vão quebrando o que encontram. Outras chegam até a colocar o dedo na tomada e levam aquele choque.As estripulias são muitas. Cadê os pais?

Alguns pais acham que os filhos são até engraçadinhos quando se comportam desse jeito. Coitadinho! Alguns pais deveriam, antes de sair de casa, ensinar boas maneiras aos filhos. Ensinar que sofá foi feito para sentar e não para pular (sofá não é pula-pula).

Criamos ditadorzinhos mirins.

Depois que o pimpolho e a princesa fazem a festa na sua casa, colocando quase tudo a baixa, é duro ter que ouvir que o pai acha que a criança é inteligente demais e que ela parece ser hiperativa. Só parece! Sem diagnóstico nenhum. Parece muito mais uma desculpa esfarrapada.Essa criança nasceu agitada.Adorável! Talvez nessaconclusão paternal e/ou maternal esteja uma dificuldade dos pais em lidar com o que é educação (essa educação não é papel da escola).
Olham para os filhos como se esses fossem coitadinhos. Quaisquer regras de convivência civilizada podem causar traumas aos pimpolhos, deixam as crianças livres.
Outra coisa -
Se você é o dono da casa e reclama aos pais do comportamento inadequado dele ou dela,pode perder o amigo. É aquela coisa: educação do meu filho eu cuido (muitas vezes indiferentes às regras de civilidade).
Alguns pais têm dificuldades para aceitar que eles estão fracassando na educação dos filhos ou filhas. E não querem,de jeito nenhum, que alguém mostre seu fracasso bem ali na sua cara. Egoístas! No dicionário desses pais não existe a palavra não.

O não é usado como sim.

Outro dia, na casa de um amigo, num encontro,o filho do indiferente pulava alucinadamente no sofá. Passava em frente à televisão. Falava mais alto que todo mundo. Mexia em tudo. E os pais ali parados como se aquele tormento não fosse com eles. A mãe sem nenhuma autoridade dizia –pare filhinho. Com aquela fala mole e indiferente. Nem mesmo as moscas obedeceriam àquela ordem tão flácida. O pai, toda vez que entrevia, chamava a atenção da mulher como se a educação do pimpolho coubesse só à mãe.

Depois de muito tempo, o dono da casa chamou a atenção da criança. A situação estava insuportável! Só os pais não percebiam. As outras visitas, incomodadas. Depois da chamada de atenção os pais fecharam a cara em protesto. Não gostaram que o dono da casa chamasse a atenção do seu filhinho.Imagina alguém chamar a atenção do meu filho! Logo foram embora, convictos de que o dono da casa não tinha educação. Não tinha sido um bom anfitrião. 

UMA CARTA DE RECOMENDAÇÃO


Deus,
chegou ao céu nosso companheiro Nadinho que pregou esta peça de partir sem avisar. Receba-o com carinho e não estranhe se ele chegar com um sorriso largo de felicidade estampado no rosto, aqui ele era assim também, mesmo nas dificuldades. Esta carta de recomendação talvez nem fosse preciso escrevê-la, visto que o senhor recebe todos com muito carinho, mas, para nosso amigo Nadinho, peço-lhe dedique algumas horas para ouvir a sua história de vida.


O senhor vai se emocionar com suas aventuras. Nunca desistiu de lutar e buscar seus sonhos. Tudo que conquistou foi por merecimento, aqui, senhor, foi um vencedor. Não querendo me alongar na conversa, sugiro que o senhor coloque-o para cuidar da academia que deve ter aí. Ele vai adorar. Esporte sempre foi seu forte. Daqui fica uma imensa saudade

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

METAFÍSICA

Continuação do meu livro... Acompanhe no Portal viva granja Vianna e no blog: WWW.cotiamemoriaeeducacao.blogspot.com

METAFÍSICA

A multidão fazia fila na principal rua da cidade. Milhares! Gente com todo tipo de enfermidade. O povo começava achegar uma semana antes, outras pessoas na noite anterior, para serem atendidas pela benzedeira Ditinha da Volta, como era conhecida na região e nos estrangeiros. Ali se concentrava gente de todos os lugares. A sua reza era famosa e levantava até defunto, diziam os mais otimistas.

Os descrentes excomungavam as benzedeiras e as curandeiras, atribuindo a elas coisas ruins que aconteciam na cidade. Diziam que elas ou eles tinham pacto com o diabo. Porém! No calar da noite, muitos desses descrentes foram vistos buscando alívio para os seus sofrimentos da alma. Depois de atendidos e a alma aliviada,apimentavam suas línguas novamente e voltavam a atacar os rezadores, principalmente d. Ditinha.

Coisa de gente ingrata.

Médico de diploma nessa região era difícil de ver,e as benzedeiras e curandeiros faziam o papel desses homens de branco, em falta no lugarejo.Rezavam para crianças de bucho virado. Buscavam remédios para cura nas folhas e no mato. Eram conhecedoras dos segredos das florestas.Dentre todas as benzedeiras,d. Ditinha era a mais poderosa e conhecida. Aprendera essa arte com seus ancestrais, na maioria foram vitimados pelos senhores nas senzalas. 
D. Ditinha também era parteira das boas em todos os seus anos de atividade humanitária, nunca perdera uma criança, mesmo quando virada no útero da mãe.Os padres católicos a cada missa,em seus sermões, dedicavam um tempo significativo para criticar essas crendices do povo. Diziam que essas pessoas tinham ligação com o diabo. Ligação com satanás. E outras besteiras malditas. O que os padres não sabiam era que essas benzedeiras, com sua simplicidade, eram o bálsamo dessa gente esquecida por Deus.

Muitas vezes esses sermões eram ouvidos pelas próprias benzedeiras que assistiam as missas e a cada palavra dita os olhos dos fieis as censuravam. Certa vez um padre dessa igreja secular utilizava a prática do exorcismo. Foi excomungado e expulso da igreja. O dito padre, quando começava a missa e as rezas, caía gente pelo chão,espumando pela boca e os olhos viravam e esbugalhavam e outras vomitavam tufos de cabelo. Era assustador. Muitas pessoas saíam dali curadas.Essa atividade espiritual era malvista pela igreja. 
Coisa de gente sem cultura.

A corda arrebenta do lado mais fraco (nem sempre).

Da casa dos Magalhães, de repente os gritos ecoaram pelas ruas de paralelepípedo,acusando e condenando Morrudo pelo sequestro do galo Edivaldo. Enlouquecidos! Aos poucos, foi se formando um grupo de gente com vontade de fazer justiça com as próprias mãos. Com os dentes cerrados e com pedras e paus como arma, a multidão partiu para cima do pobre Morrudo. Foi ele! Ladrão de galinheiro. A primeira pedra lançada abriu uma brecha na cabeça e o sangue desce pela testa. Ele usou o galo Edivaldo para fazer macumba! Macumbeiro! Gritavam.Ladrão!

A muvuca estava montada

Do meio daquela muvuca surge um ensandecido que levanta um pedaço de pau para acertar Morrudo na nuca.Surge d. Ditinha benzedeira, com toda sua autoridade e sua presença de espírito, e a multidão fica em uma posição de letargia. Quando ela começa a colocar limite na situação, surge todo pomposo,pelo Beco do Savioli e logo,descendo a rua da matriz, o galo Edivaldo, até cantava fora de hora. Quem soltou o galo? Alguém percebeu que a situação estava fugindo do controle e soltou-o.Morrudo poderia ser linchado. Morrudo foi salvo pela soltura dogalo. Será que o galo se salvaria da próxima festa na casa do Zé Galinha?

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

NEM TODAS AS DATAS COMEMORATIVAS SÃO TÃO FESTIVAS PARA ALGUNS COMO IMAGINAMOS


Quem não tem uma família nos moldes convencionais passam alguns perrengues no convívio escolar (na vida diária também). Estes eventos se tornam uma tortura.

As festas nas escolas, normalmente, são organizadas para crianças que têm uma família “normal”. Como explicar para uma criança que nos dias que antecedem o dia dos pais ele ou ela não vai entregar um mimo confeccionado em sala de aula?Apenas um gesto de carinho.

Muitos alunos não têm o nome do pai no registro de nascimento. Muitos outros não têm a presença dos pais no convívio diário. Outros não sabem nem quem é o pai. Constrangedor. Ao contrário do que muitos dizem, todo mundo quer ter um pai e uma mãe. Quem nunca teve fica imaginando como é ter um ou uma.

A família, neste momento, é fundamental para evitar qualquer tipo de constrangimento. Sempre aparece um avô ou avó que tenta cumprir este papel. Tenta?Sempre aparece um tio ou tia que se apresenta como pai. Apresenta! Sempre aparece uma mãe com jornada dupla de afetividade. Pai e mãe!Muitas mães estão nestas condições. Este envolvimento afetivo de outros da família em parte substitui esta ausência paternal. Um pouco, mas não completamente.

Alguns alunos que vivem esta situação “anormal” dizem que são felizes pelos afetos destes outros da família. Verdadeiramente querem o afeto dos pais. Querem ter o nome e sobrenome do pai no registro de nascimento. Querem a presença dos pais nos dias de importância comemorativa. Muitas querem saber quem é o seu pai. Não importam as condições deste pai. Nem que depois se decepcionem com esta figura paterna. O desejo de conhecê-los é maior. O sentimento de abandono incomoda. Nestes casos, a verdade sobre esta ausência dos pais é a melhor saída.


A escola, neste tipo de situação, tem um papel pedagógico fundamental. 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

AOS CANALHAS DE PLANTÃO


 Os canalhas de plantão estão sempre à espreita para lançar seu veneno em nome dos bons costumes. Eles normalmente se apresentam como pessoas íntegras. Veementemente contra qualquer tipo de falcatrua(nem todo mundo que é assim é canalha). Que bom se isso fosse verdade. Aproveitadores.

Os canalhas estão em todos os lugares, mas seu aparecimento acentua-se no período eleitoral, são tão dissimulados que é difícil identificá-los. Camaleões! Outra marca forte dos canalhas é a inveja. Invejosos! Quem nesta vida não se deparou com um bom canalha?

Tem canalha que gosta de conquistar voto só na conversa.

Canalhas que povoam a internet e que não passam de farsantes. Montam dossiês para extorquir ou para denegrir a imagem de alguém que supostamente possa estar lhe incomodando. Escondem-se por detrás de uma identidade com perfil falso. Ora, tem gente que dá o ouvido sem questionar para esse tipo de gente.

O bom canalha sempre investe na boa-fé e na ignorância daqueles que pretende lubridiar. Conta uma história que é difícil saber se é verdade ou não. Você quer mais canalha que o cara que, no caixa eletrônico, com um passe de mágica leva seu cartão de credito na mão grande?Ainda com sua ajuda. Uma atuação para tirar o chapéu.

Os canalhas, tanto homens como mulheres, são fascinantes. Conheci um que vendeu um terreno de mil metros quadrados no Ibirapuera. Haja criatividade.

O que tem de canalhice nessa onda de denúncia é inacreditável. Não acredito em candidato que vive de fazer denúncia. Eles normalmente querem tirar nosso foco dos problemas sociais que nos assolam. São dissimulados! Sempre se apresentam como diferentes - que não vão fazer o que os mesmos fazem ou fizeram. Esses canalhas têm uma lábia! Muita gente já caiu no golpe do bilhete premiado. Quem é mais canalha: quem aplica o golpe ou aquele que se deixa enganar com a possibilidade de ganhar dinheiro fácil. Quem?

Tem canalha que vende até terreno na lua. O pior que tem gente que compra. Ingenuidade ou esperteza?

Talvez o canalha mais nocivo que existe é aquele que lança mentira que se torna verdade. Uma demonstração de que a educação de fato é importante é quando assistimos gente repetindo boatos que podem destruir uma pessoa inocente. Não perguntamos como nasceram? Quais os interessem que estão atrás deles? E onde querem chegar? Um sinal lamentável de que estamos imersos em um poço de ignorância. Cegos! Há serviço para os canalhas de plantão.


Parabéns aos canalhas de todos os segmentos da sociedade. O campo está livre para atuarem. 

AMANHECER...


Começo com este texto a escrever meu primeiro livro de ficção. A cada capítulo vou dividi-lo com os leitores da coluna que mantenho semanalmente no Portal Viva Granja Vianna e no meu blog: www.cotiamemoriaeeducacao. blogspot.com. Espero contar com sua opinião e sugestões de como caminhar com estahistória.

AMANHECER...

Às seis horas da manhã. Inverno intenso! Muita neblina. Tanta neblina que não dava para enxergar um palmo diante dos olhos. Em cada casa da pequena cidade um galinheiro no fundo do quintal. Galinheiro multirracial, ali viviam patos e porcos e outras aves exóticas. Esses galinheiros funcionavam como um despertador. Despertador que denunciava a chegada de um novo dia. 

Apesar do frio, um belo dia.

O primeiro a anunciar a chegada da manhã era o galo Edivaldo,bicho de estimação da família Magalhães. Edivaldo era tratado como gente. Imagine, quando Edivaldo desapareceu, o desespero tomou conta da família. Quem sequestrou Edivaldo?O desfecho foi uma coisa maluca.

Aos poucos uma janela é aberta aqui outra ali e os moradores vão levantando e o cheiro do café toma conta das ruas e dos becos. Em quase todas as casas, acompanhando o café, alguns moradores tomam uma dose de “pau-a-pique” para aliviar a manhã gelada.

No meio da neblina surge lentamente Morrudo, com passos calculados milimetricamente. Cada passo dado,uma história. Cada passo dado, uma dúvida.Morrudo uma incógnita? A primeira porta que encontra aberta entra e vai até à beira do fogão a lenha, se serve de uma caneca de café quente. Uma mesa rústica com doces caseiros e pães no meio da cozinha formam aquele ambiente simples. Morrudo, com elegância, se serve de um pedaço de bolo. Assim Morrudo começa seu dia realizando pequenas tarefas.

Era muita tranquilidade para uma única manhã.

O silêncio foi quebrado pelos gritos de vovó Timbira. Os seus gritos assombravam e ecoavam pela principal rua da cidade -eu tive a visão, eu tive a visão, eu tive a visão!Vovó Timbira, como era conhecida no lugarejo,começou a ter alucinação depois de ser abandonada no altar. Caiu em desgraça na comunidade, tinha, antes do casamento, se entregado ao salafrário. Ele chegou sem passado e desapareceu como desaparece a neblina com a chegada do sol.

No começo, seus gritos assombravam os moradores toda segunda sexta-feira do mês. Depois os gritos ocorriam a qualquer hora. Dizem os antigos que era doença da cabeça (loucura). Dizem outros que era doença do amor. 

Quando Timbira ia voltando ao normal, contava que via, nas suas visões,uma porca e sete porquinhos que seguiam uma moça de branco com o rosto desfigurado que subia a rua principal da cidade até a Igreja Matriz. Depois descia essa mesma rua até desaparecer...

Porque os gritos?


Assim começava aquele dia calmo e agitado ao mesmo tempo. Depois dos gritos de vovó Timbira, o burburinho tomava conta do lugar. Nem tanto pelos gritos que faziam parte do cotidiano daqueles moradores, mas cada um tinha seus afazeres corriqueiros. 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

QUASE SEMPRE FRAQUEJAMOS DIANTE DA IDEIA DA MORTE


 Só diante da ideia da morte desfalecemos, paulatinamente. Nesses últimos quarenta dias passei uma experiência ruim - eu poderia estar com uma grave doença. Poderia?Sempre evito ao máximo fazer exames para não correr o risco de saber que possa estar com algum problema de saúde. “Neura”.

Estou me preparando para uma cirurgia de reparação depois que fiz gastroplastia. Fiz alguns exames preliminares de rotina. A tomografia apresentou dois cistos de sete centímetros nos rins. Fui encaminhado a um especialista para analisá-los. Nesse tempo que durou a espera para saber do resultado, um pouco mais de um mês, foi angustiante.Pensei que ia morrer. Pensei que estava a caminho de passar para o outro lado.

Bate uma solidão.

A ideia de que os cistos pudessem ser malignos me deixou arrasado e emotivo. É torturador. Lágrimas. Com o impacto da notícia exclamamos! Oh, myGod. Tinha que ser comigo?Fico pensando em pessoas que não acreditam no mundo metafísico. Como deve ser a reação delas. Deixa pra lá. A minha reação foi explosiva. Acordava de noite olhando o teto com uma sensação de vazio. Olhar triste. O desânimo tomou conta. Penso que quase todos nós sofremos antecipadamente sem necessidade.

Não seria melhor se tivesse pensado que tudo ia dar certo?

Até sair o diagnóstico do médico, que foi negativo, imaginei muita coisa. Muita besteira (risos). O senhor vai morrer com esse cisto e não vai morrer dele. Ufa! Sorriso largo. Um abraço na filha e na companheira. Continuar a vida e intensamente,depois de toda explicação na linguagem médica do que eu tinha nos rins. A chance de ele ser maligno era muito pequena. Parei para pensar o quanto de pensamento negativo produzi em tão pouco tempo. Eu que sempre fui e sou muito otimista.

Fiquei tão impressionado que uma dor apareceu e a sensação que ela estava no pulmão. Era apenas uma dor na coluna.

Depois de saber da existência do cisto, em dois dias agucei meu senso de humor. Como forma de defesa. Pensei em escrever meu inventário de besteirol. Chamei meu filho e disse que deixaria uma lista do quenão gostaria de ver no meu velório. Os hipócritas estariam todos de fora. Amigos da onça também. Queria música, como foi no velório do meu pai. E muita alegria. De preferência que ninguém chorasse. Sei que é difícil pedir isso. Tem gente que ama a gente de verdade.


Ninguém em sã consciência, mesmo sabendo que pode existir um mundo do outro lado(com exceção dos kamikazes e dos homens-bomba que acreditam piamente na existência desse outro mundo),todos querem continuar aqui bem perto das pessoas que gostamos. Pensa bem, imagina você chegar do outro lado e descobrir que foi enganado. O que tem de gente sem palavra...

terça-feira, 22 de julho de 2014

QUANDO A CONVERSA É SEXUALIDADE E QUANDO O ASSUNTO É SEXO, A PORCA TORCE O RABO.



Pai, estou namorando! Mãe, estou namorando!Ah! Como reagimos? Atônitos!A voz embarga? Sentimento de traição? Os pais, quase sempre desavisados, sentem que o chão saiu debaixo dos pés. Diante da notícia, percebem que os filhos ou as filhas cresceram e eles não perceberam. Continuar crescendo é difícil para todas as idades. 

Assunto tabu quando tocamos nesse tema, é veladamente. Psiu! Fala baixinho pode ter alguém ouvindo.
Uma reação inusitada: uma amiga quebrou tudo o que encontrou pela frente quando foi avisada por uma amiga que a filha estava namorando, nem o telefone escapou da sua ira. Aos gritos e descontroladamente,ela queria saber se a filha continuava ainda virgem. Lamentou: não era isso que deseja pra ela (a filha).Sua... Não era o que eu esperava de você. Sua... O que eu vou dizer para seu pai? Todos os moradores do prédio ouviram a conversa. As mães se sentem traídas nesses casos.

Muitos fofoqueiros adoraram ouvir quase tudo- no dia seguinte tinham o que falar, fuxicando. Outros se sensibilizaram. Os pais são os últimos a saber. Quase sempre.
Dissimulação.
O pai, normalmente, responsabiliza a mãe quando a filha começa a namorar. Quando a filha inicia sua vida sexual, a mãe também é culpada. É cômodo demais. Deixei a educação dela na sua não,cobram os pais. Se eu tivesse cuidado teria sido diferente. Como diferente? Como alguns pais se comportam tão covardemente!Mas quando o namoro é anunciado pelo filho homem, opai homem reage de forma completamente diferente. Os pais dizem: “cuidem de suas cabras porque meu bode está solto”.Puro machismo latino.

Os filhos crescem e os pais não amadurecem.

Recebi outro dia a visita de uma amiga desesperada e aos prantos. Queria desabafar e falar sobre a filha. Tinha descoberto que a filha tinha arrumado uma namorada. Como eu lido que essa situação? Choro! A cada indagação as lágrimas desciam torrencialmente. Não posso aceitar essa situação. Fui educada em uma família tradicional. O que os outros vão dizer? Se o pai dela ficar sabendo pode acontecer uma tragédia. A cada frase a culpa a atormentava e dilacerava os seus conceitos tradicionais sobre a sexualidade.

A culpa é um martírio.

Não é como antigamente que, quando de uma gravidez de mãe solteira, essa era expulsa de casa. Excomungada!Jogada na rua. Ignorância! Segundo os antigos, ninguém se casaria com uma mulher com filho(a) e ainda solteira. Estava condenada e estigmatizada como mulher desonrada. Acho que isso não acontece nos dias de hoje.

A ignorância é aterradora.

Depois de muita conversa, minha amiga foi se acalmando e começou a dizer o que lhe incomodava tanto nessa relação. Discutimos que ela deveria estabelecer critérios do que era aceitável e não aceitável nessa relação diante da família. Envolveu os irmãos e as coisas foram se resolvendo. Ficou claro para todos que aquela relação estava em um contexto e que o respeito em relação às diferenças passava a ser importante.

O homem.

O pai tomou uma posição de indiferença como se essa situação não fosse com ele. Nem todo pai é assim. 
O dialogo ainda é a melhor saída.

Um pai entrou na coordenação da escola empurrando a porta e, agressivo, aos gritos, dizia como que a escola não tinha avisado que seu filho era homossexual. Essa não é a função da escola, disse a coordenadora com firmeza. O pai aos poucos foi se acalmando. Nunca aceitou a opção do filho.O homem caiu num choro sentido. Talvez a culpa e o preconceito sejam as piores coisas que existam nessa situação. O final aqui não foi feliz até onde acompanhei.O filho saiu de casa e foi construir sua vida distante da família.

Família envergonhada aos olhos preconceituosos.

Outro dia recebi um cartão de um país da Europa em que um homem (ex-aluno) assumiu a sua homossexualidade. Tem uma boa profissão. Bem-sucedido. Se o diálogo e a aceitação das diferenças fossem aceitos sem preceitos e preconceitos, esse tema teria deixado de ser tabu há muito tempo.  
Nem todo final é feliz.


PS: aqui são pedaços de histórias que muitos educadores lidam no seu cotidiano de sala de aula (escola).