Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

sábado, 13 de abril de 2013

PROFESSOR: PROFISSÃO DE RISCO.


       A violência física e psicológica na relação entre professor e aluno não é um comportamento recente na educação, ela foi se construindo durante décadas, principalmente, pela falta de um projeto politico educacional consistente. Até então, nenhuma novidade, brincam com a educação, também é uma pratica antiga no Brasil. E os sintomas de que as coisas não andam tão bem, nas escolas públicas e particulares, é de conhecimento da sociedade. Os índices e estatísticas de precariedade da educação estão estampados na mídia quase todos os dias, uma notícia negativa desprestigia o profissional da educação diante da sociedade. Quantas Marias de Fátima, professora de filosofia, vão ter que levar  “soco na cara” para os políticos acordarem, os pais acordarem, os alunos acordarem e os professores acordarem de que a escola precisa ser transformada?  
Lembranças antigas: No final da década de 60 depois do recreio escolar, a professora entra na sala de aula, pede austeramente, para que todos os alunos fiquem de pé. Todos os alunos gelam diante da fúria da professora.  Ela vai até um dos alunos e lança com força um tapa no rosto do mesmo, ele fica estático diante da atitude e abaixa a cabeça. O motivo que levou a professora a esta ação grotesca é que durante o recreio, um aluno tinha batido com uma vara nas pernas do seu filho, e alguém tinha dito que a criança que praticou tal violência tinha sido um gordinho. Depois ficamos sabendo que não tinha sido o menino que levou a bofetada que bateu no filho da professora.  O garoto nunca mais apareceu na escola. Meados da década de 80, uma professora entrega a prova a seus alunos, um deles discretamente,  coloca um revolver em cima da mesa  e pergunta se aquela nota era a dele. A nota teria sido abaixo da média. No último caso a professora desistiu da profissão. Nem um dos dois casos, serve de modelo para a educação.
A violência contra o professor não pode ser analisada somente em si, mas devem ser vistas dentro de um contexto maior. Tratar deste assunto como fenômeno de um país subdesenvolvido é um engano. Essa violência física e psicológica contra o professor não é apenas privilégio  de países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, ela é global. Nos países desenvolvidos os professores também estão apanhando e morrendo. Eles como nós, estão perdidos, não sabem lidar e o que fazer com a violência crescente dentro das escolas. Que criança e jovem estamos recebendo dentro da instituição escolar? É um erro analisar este fato da violência como um fenômeno das classes menos favorecidas. Ela não é de escola pública somente, mas de escolas particulares também. Segundo dados do Sindicato dos professores de Minas Gerais, 46% das denuncias de agressão contra os professores são de escolas particulares. No Rio Grande do Sul, 58% dos professores da rede privada foram identificados com estresse. No âmbito geral, 82% dos professores brasileiros sofrem algum tipo de violência. Na Argentina, Inglaterra e Estados Unidos, os números não são diferentes daqui. Não é mudando a promoção continuada como defendem alguns educadores, e colocar reprovação que vai diminuir a violência. A saída não é paliativa e nem repressiva.
Ora, na sociedade do espetáculo, o valor está na aparência, na celebridade, a escola realmente esta fora de moda. Entre o que a escola ensina e a sociedade que esta aí exige,  existe um abismo imensurável. Esta constatação também não é nova. Urgentemente, precisamos valorizar a profissão do professor, com implantação de um Plano de carreia, condições de trabalho decentes, projeto de formações continuadas, aumento de salário e implantar um projeto de autogestão, com objetivos, metas e resultados. É possível! Além da valorização do professor mais urgente é olhar para o profissional da educação (Administrativa e operacional) que a situação chega a ser calamitosa. Na escola particular o “cliente aluno” sempre tem razão. Conheço muitos professores que foram demitidos e tinham razão nas suas reclamações.  A vontade final é do cliente! A mercantilização do Ensino deve ser questionada e aprofundada?
Ok, a partir destes cuidados a educação mudaria da água para o vinho? Não! O governo tem que discutir e colocar em pratica uma escola que ande de mãos dadas com a sociedade. Os pais têm que participar da vida dos seus filhos e da vida escolar deles. A escola tem que absorver as novas tecnologias. É possível, temos experiências realizadas com sucesso, no Brasil e em outros lugares do mundo. Enquanto esta transformação não ocorre continuaremos constatando, com sabor de conformismo, outras  “Marias de Fátimas”  levando muitos socos na cara. Ficaremos indignados, depois, esqueceremos!




quarta-feira, 10 de abril de 2013

UMA VIAGEM PELA HISTÓRIA DE COTIA, COM A SENSIBILIDADE E INTELIGÊNCIA, DA JORNALISTA MARIANA MARÇAL.



ACONTECEUBEM AQUI!

Diversos lugares em Cotia foram cenários de momentos importantes para a história. Em homenagem aos 157 anos da emancipação político-administrativa do município, a equipe da REVISTA CIRCUITO foi buscar no passado fatos que não podem ser esquecidos e curiosidades que marcaram o povo de Cotia, de geração para geração. Você sabe quem foi o primeiro mendigo de Cotia? Ou os incêndios que marcaram a cidade? A importância do município para o cinema brasileiro?
Nesta e nas páginas seguintes você confere estas e outras histórias raras que marcaram a nossa cidade.
A PRIMEIRA TELEVISÃONo fim dos anos 1950, uma das primeiras televisões da cidade estava no Bar São Luiz, da família Savioli. Ela não aparece na foto porque está escondida atrás da coluna. A máquina de café elétrica e o balcão de mármore (substituindo o de madeira) eram as grandes novidades da época. Os atrativos reuniam muitas pessoas no estabelecimento, que se tornou um ponto de encontro.
JORNAL PIONEIROO primeiro jornal foi publicado em 1948 e se chamava O Cotiense. No entanto, somente em 1956 começaram a ser editados jornais regionais que reproduziam matérias associadas às transformações do município. Assim fazia o Jornal A Tribuna, de 1959. Apesar da pressão política, eram instrumentos da comunidade. Somente em 1979, chegou o Jornal da Cidade – liderado por José Torrezani e Tarrachinha.
MORRUDO – O MENDIGO
Ninguém sabe como ele chegou ou foi embora de Cotia, mas Morrudo, o mendigo, ajudava as pessoas com os afazeres domésticos do dia a dia para ganhar alguns trocados.
O ESTILISTA DENERA Avenida Denne, no Parque São George, é uma homenagem ao estilista Dener Pamplona de Abreu, paraense radicado em São Paulo na década de 1980 e precursor da alta-costura no Brasil. Foi Dener o primeiro costureiro a vestir uma primeira-dama, Maria Teresa Goulart, de quem se tornou amigo íntimo, e o primeiro estilista a sofrer um atentado político – uma rajada de metralhadora contra seu Lincoln presidencial preto, em julho de 1968. Dener transformou a ópera Carmen em música acelerada, em um desfile em 1970. A granjeira Maria Cristina Von Narozny, proprietária da loja Gift Shopping, foi manequim tanto de Dener quanto de Clodovil e a grande responsável pela vinda dos dois para a Granja Viana. Dener morava na Rua Boa Vista e, de acordo com informações, bem nessa esquina onde está o muro branco era sua residência: a Chácara Olodum. Morreu aos 42 anos, em 1978.
EPIDEMIA DE VARÍOLA
O primeiro registro de surto de varíola em Cotia data de 1791. Os corpos não podiam ser enterrados em solo sagrado, e houve a necessidade de se criar um cemitério em outro lugar, como revela documento da Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat. Cento e trinta e sete anos depois, outro surto de varíola assombrou Cotia e região. Um relatório de higiene datado de 1926 detalha o surto pela cidade e mostra a precariedade em relação à educação sanitária e ao avanço da epidemia. Na fotografia, o senhor Joaquim Nascimento aparece vacinando uma família de brasileiros, habitantes das proximidades de Cotia.
VÍRUS SABIÁ
O mortal vírus Sabiá, isolado em 1994, recebeu esse nome porque a primeira pessoa infectada no mundo foi uma moça que contraiu o vírus na casa de seus pais, no bairro Jardim Sabiá, em Cotia. Ele causa a febre hemorrágica brasileira. O quadro clínico é semelhante ao da gripe, com náuseas e vômitos, e progride para complicações renais e morte. Foi identificado pelo Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo. Acidentalmente, dois pesquisadores (um em Belém, no Pará, e outro nos Estados Unidos) foram infectados, mas conseguiram sobreviver.
FANZINEIROS COTIANOSO Fanzine Press foi o pioneiro do gênero em Cotia. A ideia do criador, Beto Kodiak, era dar espaço para bandas novas do rock paulistano e brasuca. O primeiro foi feito só por ele. A partir do número 2, juntaram-se à equipe Eduardo Coruja, Gerson Washington e Amaury Torrezani. Durou dois anos e 11 edições, feitas primeiro em xerox e depois offset, sempre antenados com as novidades do rock nacional. O Press deu “furos” até em grandes revistas da época, como Bizz, Roll e Trip. A tiragem era pequena, distribuída em Cotia e São Paulo. Chegava a outros estados via Correios e cruzou fronteiras, indo para países como Estados Unidos, Suíça, Portugal, Espanha e Angola.
INCÊNDIOS QUE MARCARAMNo dia 6 de junho de 1980 houve um incêndio no depósito do Supermercado Pedroso da Praça da Matriz. O prejuízo foi de 25 milhões de cruzeiros, e a população comprou o que restou para ajudar a família a recomeçar. Seis meses depois, reinauguraram o novo espaço. Dezessete dias depois, foi a vez de a indústria de brinquedos Genovesi pegar fogo. Foi em uma noite de segunda-feira, em 23 de junho de 1980. Vários departamentos foram consumidos pelas chamas. A empresa nunca mais foi a mesma. Anos depois, foi à falência. Um fato curioso nos dois casos foi a atuação dos usuários de PX (rádio amador), que era muito ativo em Cotia. Foram eles que mobilizaram bombeiros e demais autoridades.
DIZEM POR AÍ...Que o sino da Igreja do Morro Grande foi doado pelo então governador Adhemar de Barros, e que, na primeira badalada, rachou e quase foi confiscado por falta de pagamento. Dessa peça foram feitos dois sinos que estão até hoje na Igreja. Que o estacionamento da Rua 10 de Janeiro, no centro, foi um cemitério e há pessoas enterradas lá. Isso acontece porque ali havia uma igreja que, posteriormente, foi demolida. Quando não existiam cemitérios, os moradores eram enterrados ao redor das igrejas. A igreja não existe mais, mas os defuntos, segundo os antigos moradores, estão no espaço até hoje.
O PRIMEIRO SEMÁFORO
Foi instalado próximo do Colégio Zacharias Antônio da Silva (onde, atualmente, é a Escola Estadual Pedro Casemiro Leite) e servia para auxiliar os alunos da escola a atravessar a Raposo, que não tinha tanto movimento como hoje, mas já era perigosa.
PIZZARIA EM COTIA
As primeiras redondas saíram da Pizzaria do Dante, na Rua 10 de Janeiro, no Centro de Cotia.
APITO INICIALO time de futebol pioneiro em Cotia foi a Associação Atlética Cotia, fundado em 15/12/1980.
COMPRA DE ESCRAVOSO documento comprova o comércio de escravos em Cotia, entre 1859 e 1860. O senhor Antônio Paes Cardoso comprou de Joaquim Francisco de Moraes a escrava de nome Virginia, de 20 anos. O escrivão deste documento foi o agente João José Coelho.
CINEMA DO JUBRAN
Você acha que Cotia ganhou cinema somente agora? Engano seu. Entre os anos 1970 e 1980, no centro da cidade, havia o Cinema do Jubran. O nome mudou algumas vezes para Cine Central, Virgínia, mas era conhecido mesmo como o Cinema do Jubran, que é o nome do antigo proprietário. A lista de atrações contava com filmes da época, como Os Trapalhões, e pornochanchadas com atores famosos: Reginaldo Farias, Vera Fischer, entre outros. Mas não só de filmes vivia o cinema. Festivais de música, palestras, formaturas de escolas e peças teatrais entre tantos eventos aconteceram no local, que ficava na Rua Senador Feijó, ao lado de onde funciona atualmente a loja Tina Esportes. O cinema acabou em razão da crise do mercado cinematográfico, na década de 1980.
COTIA E O CINEMA BRASILEIROEm 1972, a série Dom Camilo e Seus Cabeludos, que tinha no elenco Otelo Zeloni como personagem principal e grandes nomes, como Ney Latorraca e Nuno Leal Maia, teve cenas gravadas na Igreja da Matriz e nas ruas centrais de Cotia, todas as terças-feiras. Os cabeludos eram liderados por Denis Carvalho, ainda em começo de carreira. A mocinha da série era Terezinha Sodré. Com o incêndio na TV Tupi, as gravações foram perdidas. Filme Mágoas de Cabloco − Há 41 anos, foi gravado em Caucaia do Alto. Contava a história de um caipira, o Chico Fumaça, personagem do ator Nhô Juca, uma espécie de imitação de Mazzaropi. Filme Amante muito Louca – Em 1973, Stepan Nercessian estrela Junior, um playboy que vira amante da amante de seu pai, vivido por Cláudio Corrêa e Castro. As cenas foram gravadas na Raposo Tavares, entre os quilômetros 28 e 30. No elenco, Jô Soares, Alcione Mazzeo e Tereza Raquel. Filme A Virgem − Estrelado por Nuno Leal Maia, o filme tinha no elenco Kadu Moliterno, Nádia Lippi, Tony Tornado e Dionísio Azevedo. Algumas cenas foram gravadas próximo da churrascaria do Km 30 da Raposo Tavares e no jardim que tinha em frente. Vocês sabiam que uma cena do filme Pelé Eterno foi gravada no campo de futebol do Morro Grande? O diretor, Aníbal Massaíni, queria reproduzir cenas antigas, e a arquibancada lembra um pouco o futebol antigo.
CLIQUES
Laerte, conhecido como Lete, foi o 1º fotógrafo de Cotia. Na foto, o da esquerda.
CINEMA EM CASA
José Félix de Oliveira e Genuíno Viana, irmão de Niso, foram vizinhos, e seus filhos cresceram juntos. As famílias conviviam como se fossem parentes. Genuíno alugava filmes da época, como O Zorro, pendurava um lençol entre dois bambus e fazia a sessão de cinema para os moradores próximos.
Colaboraram nesta matéria:
O historiador e ex-secretário da Educação de Cotia, Marcos Martinez, e o jornalista Beto Kodiak.

terça-feira, 2 de abril de 2013

MINHA CIDADE EM PRETO & BRANCO (COTIA-BRASIL).

PREFEITURA MUNICIPAL DE COTIA, AO FUNDO O MORRO, FORMADO PELO JARDIM COIMBRA, TURIGUARA, ESTELA MARES E JARDIM COTIA.


segunda-feira, 1 de abril de 2013

COTIA 157 ANOS.




Há quase 15 anos, escrevi este texto, que utilizei para apresentação do meu livro, Memória & Imagem, hoje não me considero mais um estrangeiro. Hora, depois de quase quarenta anos nesta cidade, finquei raízes e construí mais do que uma vida. Ao reler este texto antigo, constato que muitas coisas mudaram e outras continuam do mesmo jeito. Ao republica-lo é importante avaliarmos como nos relacionamos com Cotia, e como cidadão qual o destino que queremos dar para a cidade. Estrangeiro ou não?   



Estrangeiro



   A primeira vez em que coloquei os pés em Cotia foi em 1976, e senti uma imensa saudade da terra onde nasci. Cotia, com aquele jeitão de cidade do interior, fez-me lembrar de Votuporanga, lugar que tive de deixar na adolescência. Curioso, olhava as ruas de paralelepípedos e aquelas casas de taipa de pilão, como se já as conhecesse há muito tempo. Naquela visita rápida, que fiz pela cidade, fiquei com a sensação de que um dia eu voltaria... para morar. E voltei.
   Em 1978 mudei-me definitivamente para Cotia. Dois anos depois da primeira visita a cidade tinha mudado muito. Alguns casarões tinham desaparecido e aquele ar de cidade do interior estava com um cheiro esquisito. Apesar das mudanças, mantinha o desejo de saber como era esta cidade e como eram as pessoas que aqui viviam. Como era antigamente? Como novo morador, queria fazer parte da vida da cidade e criar vínculos. Afinal, todos os meus sonhos seriam vividos aqui...
   O tempo foi passando e o crescimento acelerado da cidade, praticamente, destruiu aquele lugar com cara de província. Mesmo não tendo iniciado o curso superior de História, fazia pesquisa com os moradores antigos. Objetivo? Resgatar a memória do que estava se perdendo.
   Nós, moradores, que chegamos nas últimas décadas do crescimento desordenado, éramos estrangeiros, e precisávamos encontrar a nossa identidade cultural, que ficou para trás. Esta necessidade de ser alguém fez com que me empenhasse em escrever este Livro, que fala da Cotia do início do Séc. XX até final dos Anos 60. O que fazer? Encontramos a melhor maneira de registrar esse período fazendo entrevistas com moradores antigos... Um trabalho que demorou quase 10 anos para se realizar. Ganhar a confiança para que as pessoas falassem das suas lembranças não foi tarefa fácil. Aos poucos, íamos reconstituindo um pedaço da memória da cidade que estava escondida. A primeira pessoa que se desnudou na frente de uma câmera de vídeo, para falar do passado, foi dona Irene Lemos Leite Silva; depois, a filha de Nhô Nhô, e assim foi. Nos últimos anos começaram a aparecer fotografias que vieram reforçar aqueles registros orais. Tínhamos, então, o poder das imagens congeladas e as palavras nas entrevistas – palavras que deram sentido e vida para as fotos: era uma cidade que quase só existia na memória dos vividos.
   Mas, este Livro, não é só para ficarmos a viver do passado. Ele traz na fala dos moradores antigos e nas fotografias, um chamado: precisamos interferir no cotidiano desta cidade para melhorarmos a qualidade de vida e resgatar, principalmente, a dignidade. O material que produzimos com a pesquisa mostra, claramente, que fomos omissos em relação à destruição das festas religiosas, do bom humor e da arquitetura da região central de Cotia. Entretanto, ainda há tempo para mudar e socorrer...
   Essa omissão não foi, de todo, completa. Omissão maior foi a do Poder público, que sempre esteve atrasado na relação com as necessidades da Comunidade. A água chegou na pequena cidade nos Anos 40, com atraso! Passados muitos anos, algumas necessidades básicas ainda não foram atendidas. O hiato entre o Poder público e a Comunidade é gritante. A maior obra pública da cidade foi realizada pela Comunidade: o Hospital de Cotia.
   Memória & Imagem não é um amontoado de velharias. É um espelho – principalmente para os políticos – para os que precisam andar em compasso com a construção de uma Cotia que valorize o seu passado.
   Na fala dos entrevistados encontramos a Amizade, o Amor – um Amor que, pelo próximo, é grande!... Os mendigos – Morrudo e Inácio – eram tratados como “gente da família”. Outro aspecto interessante que esta pesquisa revela é que tal atitude de Amor se ampliou: são várias as instituições que prestam serviços filantrópicos no Município. Cuidam dos velhos, das crianças, dos deficientes e dos desamparados; é um segmento da Sociedade que pulsa completamente dissociado do Poder público, que perde a oportunidade de caminhar com a Sociedade. As pessoas tinham uma relação lúdica entre elas. Em alguns depoimentos isto está claro. Os laços de Amizade, de Respeito e de Amor, eram virtudes que permeavam as relações. Na leitura dos textos fica a impressão de que alguns moradores ficavam um bom tempo imaginando, como criar estripulias para aplicar nos vizinhos, nos colegas de trabalho. E o que é importante frisar: as brincadeiras não agrediam a dignidade dos envolvidos (...bem diferentes das realizadas nos programas de auditório de tv, sem categoria alguma)! Com este Livro, resgatamos o Humor, a Solidariedade e a Fraternidade. Nós, tão estrangeiros quando chegamos aqui, somos agora parte integrante destas histórias e da vida real de Cotia.
   A criação de uma Cidade melhor está em nossas mãos.

MINHA CIDADE EM PRETO & BRANCO (COTIA-BRASIL).


(AO FUNDO IGREJA SANTO ANTÔNIO -GRANJA VIANA)