Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ENTRE COM TODAS AS FORÇAS DA SUA VIDA NO ANO 2014


Todos os dias, horas, minutos e segundos e assim vai... Fazemos reflexões do que achamos certo ou errado diante das nossas ações.Parece que, no final do ano, esse sentimento de autocrítica é maior. Sabe, é como se desacelerássemos o nosso ritmo frenético da vida que levamos e passamos a olhar, introspectivamente, para os filhos, para a companheira, pais, netos, tios, mães, amigos e assim vai... E olhar principalmente para nós? Como é difícil. Mas precisamos fazer nossa autocrítica do ano que está indo embora (ou não).

Quase todos nós sabemos dos nossos defeitos e qualidades. É muito difícil lidar com nossos defeitos.Queremos quase sempre arrumar uma justificativa para colocá-los de lado (guardá-los). Eu até topo mexer nos meus defeitos, mas o que não é legal é quando alguém atrevido resolve mexer nos nossos defeitos e apontá-los. Antes que apareça algum enxerido vou fazer a minha avaliação do ano. Em uma folha em branco, anoto tudo que aconteceu este ano. Nessa ação não fui legal. Nessa fui mais ou menos. Nessa outra... No final, com certeza, estaremos mais aliviados e sem culpas. Um sentimento que não devemos nutrir é a tal da culpa. Faz um mal danado. Sorriso no rosto e na alma e tocando a vida em frente.


Aqui fica um abraço da minha família e votos de um prospero ano! Muita alegria! Saúde! Seja narcisista também, eu me amo, eu sou lindo, com final feliz. Vista sua melhor roupa e dê abraços como nunca fez. Este ano que chega vai ser melhor. Muito melhor! Tenho muitos projetos e vou realizá-los. Sonhe alto, sem medo. Não se esqueça de colocar em suas realizações que, no próximo ano, você vai ser solidário com quem precisa. Muito trabalho e dinheiro no bolso. Silencie diante dos fogos e solte um grito de ano novo. Tudo de bom!

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

RETROSPECTIVA 2013: DOZE COMENTÁRIOS QUE MARCARAM ESTE ANO


JANEIRO

COMENTÁRIO DO DIA NÃO FOI FATALIDADE, FOI DESCASO

Em casa noturna em Santa Maria (Rio Grande do Sul) morreram 230 jovens em incêndio. Há indício de que houve corrupção quando da liberação de alvará para funcionamento da boate Kiss. Lamentável!

FEVEREIRO

DIÁRIO DE UM PAI PAIS À BEIRA DA LOUCURA

Primeiro dia de aula da Maria Karolina na Escola. Ficamos ansiosos para buscá-la.Fomos antes do horário estabelecido pela escola. Antes que ela aparecesse no portão, perguntei ansiosamente para Bete: como foi o primeiro dia da Karolina na escola? Ela se comportou? Não deu trabalho? A moça da escola respondeu com um sorriso de que tudo tinha corrido bem. Os filhos quando estão em casa são tão diferentes! Conclusão: ela disse que fez desenho e o deixou na sala. Chorou que não queria ir pra casa...

MARÇO

COMENTÁRIO DO DIA

MAIS UM PARTIDO: PRA CHAMAR DE SEU

Tenho o maior carinho e respeito pela mulher Marina Silva. Fui ao Mercado Municipal de Cotia encontrei com o pessoal do pré-partido Rede, até assinei a lista de legalização do novo Partido, mesmo não acreditando que essa sigla possa mudar alguma coisa. Com a lei partidária e eleitoralque temos, a Rede vai ser, entre tantos, mais um. Não vai atender os interesses coletivos da sociedade e sim os individuais. Primeiro as negociatas, depois a negociata... O Brasil é uma mentira. Um detalhe que chamou a atenção é que a maioria que recolhia assinaturas era militante do PT.

ABRIL

COMENTÁRIO DO DIA

PROIBIR NÃO RESOLVE A QUESTÃO

Hipocrisia proibir bailes funk com o objetivo de diminuir a violência e o consumo de droga.Essa ação proibitiva é querer tapar o sol com a peneira. Atribuir a sensualidade feminina a esse estilo de música, de gosto duvidoso, é preconceituoso e mentiroso. A sensualidade já existia bem antes do funk. Proibir os bailes funk por invadir a privacidade é uma conversa que devemos levar a sério. Ora, o que falta mesmo é política pública para os jovens.

MAIO

COMENTÁRIO DO DIA

BOLSA FAMÍLIA

O bolsa família não é uma criação e nem invenção do PT, mas é, de fato, um alívio para as famílias que vivem em absoluta pobreza. Vamos deixar de lado essa discussão idiota para saber de quem foi a ideia e quem é o pai da criança: o PT ou o PSDB? Agora, precisamos nos preocupar com qual será o próximo passo do projeto para que as famílias, de fato, sejam incluídas na sociedade de consumo, para não continuarem dependendo de políticas públicas assistencialistas. Uma pequena observação: o problema maior deste país não são as famílias que recebem o bolsa família são bem outros.

JUNHO

NÓS FALAMOS E COMENTAMOS

ESPANTO

Entre tantas falas, uma chama muito atenção: “Existe um distanciamento do Estado do povo”.Na História do Brasil, nunca o Estado esteve próximo do povo. Nasceu absoluto para manter a escravidão e, no decorrer da sua existência, foi atropelado por movimentos, às vezes conservadores, para abrir espaço para a construção de um Estado democrático, mas sempre para atender os interesses das elites. Os movimentos que saíram às ruas neste mês deixaram os donos do poder espantados.

JULHO

COMENTÁRIO DO DIA

AS MANIFESTAÇÕES CONTINUAM FIRMES

As manifestações voltaram às ruas de forma violenta, com grupos menores, e os governos adotaram ações desastrosas, mostrando-se despreparados. O pior, para justificar as ações desastrosas, usaram artifícios conservadores e preconceituosos e subestimaram os manifestantes. Querem atribuir a esses manifestantes a pecha de vândalos e arruaceiros (com ajuda da grande imprensa), deixando de analisar em profundidade as pautas propostas. Não podemos correr o risco de cometer os mesmos erros do passado... Polícia infiltrada (P2) nas manifestações e prisões de inocentes com provas forjadas. Que cheiro desagradável!!

FRASE DO DIA

A passagem do Papa pelo Brasil foi avassaladora

AGOSTO

COMENTÁRIO DO DIA

QUE VENHAM OS MÉDICOS GLOBALIZADOS

Começaram a chegar os médicos estrangeiros e as críticas feitas são apenas aos cubanos. Qual o motivo? Chegaram médicos portugueses, espanhóis e brasileiros formados no exterior, parece que houve um silêncio em relação a eles. Será preconceito contra latino-americanos? (máxima: tudo que é abaixo do Equador não presta). Depois de passado tanto tempo da ditadura e com tanta informação, ainda temos medo do espectro comunista? Será? Sem drama esses médicos globalizados vão salvar vidas de pessoas que nunca receberam uma consulta ou tratamento médico. O Sul e Sudeste, maravilha, estão precisando conhecer o resto do país! Está na hora dos Conselhos de Medicina rever seus conceitos e práticas corporativistas. 

SETEMBRO

É PROIBIDO PROIBIR- são tantas as informações que algumas coisas passam despercebidas. Proibir o uso de máscara ou qualquer outra coisa que evite a identificação dos manifestantes é uma ação paliativa. Ora, as pessoas que estão indo para a rua querem mudanças. Cadê as mudanças? Agora, nas manifestações podem ocorrer conflitos com máscara ou sem máscara. Esse “sintoma” reacionário que sempre aparece é preocupante. Existe um medo das elites quando a exigência de mudança vem de segmentos populares. Será? 

OUTUBRO

COMENTÁRIO DO DIA

TODO DIA É DIA DE CRIANÇA

Hoje é mais um desses feriados para reforçar o consumo (capital x trabalho). Mas é um dia de reflexão também, precisamos olhar além da redoma que criamos em volta dos nossos filhos e lembrar que nos esquecemos, muitas vezes, de reparar que há milhões de crianças completamente abandonados à sorte (OU AO AZAR). Não adianta dizer que é somente culpa dos políticos (eles são culpados, disso já sabemos!), e a nossa parte de responsabilidade? Hoje, neste dia de criança, quero lembrar todos aqueles (adultos) que encontraram uma alternativa ao consumismo, ao individualismo, ao espetáculo e criamos uma saída de vida para essa meninada que vive à margem da sociedade.



NOVEMBRO

COMENTÁRIO DO DIA 

DESPERDÍCIO DE COMIDA EM UM PAÍS ONDE MILHÕES PASSAM FOME 

Ontem duas coisas me deixaram estupefato no Ceasa de São Paulo. Uma coisa positiva e outra negativa. Um lugar imenso com cores diferentes, cheios diversos e diversidade de alimentos espantosa. Conheci o Ceasa em meados da década de 70 e não tinha parado para observá-lo, quase minuciosamente. Aquele burburinho de gente e carrinhos carregados de alimentos causa alegria aos olhos. No meio de tantas coisas belas, muitos alimentos jogados em caçambas e dezenas de pessoas recolhendo. Todo esse desperdício está dentro da lógica do capitalismo. A lei da oferta e da procura. Com o excesso de produção, o alimento não tem preço, vai para o lixo, não importa que tenha gente passando fome. Além disso, má distribuição e conservação e outros fatores... Apesar de tudo recomendo uma visita ao Ceasa.


DEZEMBRO

BILHETE DE NATAL
Neste final de ano, não é cafona nem démodé, dizer: Feliz Natal e próspero ano novo. É cafona, sim, no final de ano, ser formal. Sabe aquele Feliz Natal e próspero ano novo mirrado, que pega na ponta dos dedos, parece mais uma despedida? Esse tipo de cumprimento é démodé. Esse desejo de final de ano tem que ser com “aquele abraço”. Sabe, sempre tem alguém para lembrar que o verdadeiro sentido do Natal perdeu-se no tempo e que o consumo tomou conta. O que importa é as pessoas estarem reunidas e festejando do seu jeito (cultura). Da mesa mais simples à mais sofisticada é hora de lembrar, (re)encontrar, perdoar, olhar nos olhos e dizer...
Dizer? Eu te amo. Eu quero seu bem e da sua família. Este ano foi maravilhoso. Este ano foi muito difícil, mas tudo vai melhorar. Fazer as pazes com algum desafeto. Não precisa ser cristão para entrar no clima, basta ser gente. Amigos, filhos, pais, netos, mães, vizinhos, namorados, crianças. Velhos, jovens, todos reunidos e celebrando. Talvez as festas de final de ano sejam uma das mais democráticas do planeta. Com este bilhete, nós, aqui de casa, desejamos uma linda festa de Natal e de ano novo. Um abraço de sonhos e esperanças...
                                                            


segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

SPUTINIK: O PRIMEIRO FOGUETE BRASILEIRO FOI COTIANO.


Será ficção? Será realidade? Um pouco de cada coisa. Um grupo de jovens, na década de 60, se reunia para organizar suas arteirices. Uma dessas brincadeiras foi construir um foguete que ficou exposto na Praça Joaquim Nunes, durante meses. Um grupo de alunos,que estava fazendo um curso básico de cinema, escolheu o texto que escrevi sobre essa história em 98 e vão transformá-lo em um curta. Além dessa história há outras que esse grupo aprontava: como a do conserto de lâmpada queimada - não faltava imaginação.

                                      Sputinik o primeiro foguete brasileiro Cotiano vai virar filme


Dr. Oswaldo Manuel de Oliveira (81 anos) é um dos integrantes do grupo dos brincalhões de Cotia. Além de participar da organização do foguete Sputinik,foi pioneiro junto ao grupo que construiu o Hospital de Cotia.

Reencontrei dois personagens que fizeram parte dessa turma de garotos marotos que levavam a vida com muito humor e com seriedade. O senhor Benedito Viviani (85 anos) e o dr. Oswaldo Manuel de Oliveira (80 anos, Oswaldão) ainda continuam com o humor aguçado e, durante a conversa, iam esboçando aquele sorriso de canto de boca e, às vezes, largo, quando se lembravam das brincadeiras que aplicavam nos amigos. Às vezes os olhos umedeciam quando se lembravam dos companheiros, como do engenheiro do projeto Sputinik, o sr. João Carpinteiro, hoje morando no interior de São Paulo. 


O sr. Benedito Viviane (85 anos), uma simpatia, e sempre disposto a contar histórias que aprontava com os amigos. O sr. Viviane lembra com detalhes das brincadeiras que aplicavam -uma mais engraçada que a outra.

A história do Sputinik tem outra versão que não contei no texto: dizem que o dia do lançamento do foguete coincidiu com a inauguração de uma ponte pelo Prefeito Emílio Guerra,e que o objetivo do foguete era boicotar a festa do prefeito.O lançamento do foguete conseguiu esse intento. A maioria dos moradores da cidade e visitantes foi assistir a festa do Sputinik. O Sputinik, o que tem de verdade e mentira? 









BILHETE DE NATAL


Neste final de ano,não é cafona nem démodé, dizer: Feliz Natal e próspero ano novo. É cafona, sim, no final de ano, ser formal. Sabe aquele Feliz Natal e próspero ano novo mirrado, que pega na ponta dos dedos, parece mais uma despedida? Esse tipo de cumprimento é démodé.Esse desejo de final de ano tem que ser com “aquele abraço”. Sabe, sempre tem alguém para lembrar que o verdadeiro sentido do Natal perdeu-se no tempo e que o consumo tomou conta. O que importa é as pessoas estarem reunidas e festejando do seu jeito (cultura). Da mesa mais simples à mais sofisticada é hora de lembrar, (re)encontrar, perdoar, olhar nos olhos e dizer...


Dizer? Eu te amo. Eu quero seu bem e da sua família. Este ano foi maravilhoso. Este ano foi muito difícil, mas tudo vai melhorar. Fazer as pazes com algum desafeto. Não precisa ser cristão para entrar no clima, basta ser gente. Amigos, filhos, pais, netos, mães, vizinhos, namorados, crianças. Velhos, jovens,todos reunidos e celebrando. Talvez as festas de final de ano sejam uma das mais democráticas do planeta. Com este bilhete, nós, aqui de casa, desejamos uma linda festa de Natal e de ano novo.Um abraço de sonhos e esperanças... 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

CARTA DE AMIZADE

Queridos amigos, Ângela e Quinzinho Pedroso,

 ficamos felizes ao receber o convite de casamento do casal. Agora, felicidade maior mesmo é saber que fomos convidados para celebrar um momento tão importante na vida de vocês dois. Onde existe amor, a felicidade pede morada. Deste (re)encontro entre vocês nasceu a Caroll, que presente para perpetuar um casamento! Ter um filho é como plantar uma árvore e escrever um livro. É para sempre.

Imaginaram como é forte celebrar um casamento dentro de uma igreja, diante dos olhos de Deus? Diante dos olhos de muita gente? Da nave da igreja ao altar vai passar um filme de cada momento desta relação, em alguns instantes, detalhes da vida de vocês serão revelados apenas pelo olhar do casal e serão imperceptíveis aos olhares dos convidados. Em outros momentos, os convidados irão interagir com o casal como se fossem parte integrante desta história de amor. Cada convidado tem uma história para contar. Em um determinado momento, ao som da música (escolhida pelos noivos),que ecoará no espaço, os convidados e os noivos se completarão.

A idéia de que a vida é feita de pequenos gestos é realmente verdadeira ao lermos o convite de casamento. Os presentes recebidos serão doados à APAE e a caritas que poderá fazer um bazar ou leilão para reverter em recursos para a instituição. Um gesto extraordinário e carregado de sentimento humanitário. Esse gesto ensina e mostra que o amor desta relação nos transporta além da vida individual do casal. Um lindo gesto, Ângela e Quinzinho. Muita alegria e felicidade.
Assim, agradecemos pelo convite,

Germana, Maria Karolina, Ícaro e Marcos

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A FLORESTA URBANA DO SENHOR JOÃO.

"Ela queria o prazer do extraordinário que era tão simples de encontrar nas coisas comuns: não era necessário que a coisa fosse extraordinária para que nela se sentisse o extraordinário” (CLARICE LISPECTOR).
Poderia enumerar centenas de coisas negativas que há na cidade onde moro (Cotia), elas estão em todos os lugares, à vista. Também é muito cômodo e fácil apontá-las, de tanto anunciá-las e denunciá-las parece que nos habituamos com as mazelas sociais que cercam o nosso cotidiano (às vezes lembramos que elas existem, logo depois são esquecidas momentaneamente).Que tal um olhar diferente para o nosso lugar, além do que enxergamos?

Talvez precisássemos olhar para nosso meio, além do que enxergamos,além no buraco na rua, do mau atendimento na saúde e a péssima qualidade de ensino e descobrir que há pessoas fazendo a diferença, e que passam, muitas vezes, despercebidas. São extraordinárias com gestos simples.
Há quase trinta anos tento olhar para minha cidade nos seus bastidores e descobri:artistas plásticos, poetas, poetisas, cantores, escritores,contador de histórias, ambientalistas e muito mais (que não fazem parte do grande circuito cultural, mas elas existem e são ricas na produção cultural deste lugar)––fazem acontecer algo que interfere na composição social e cultural da cidade.

Um desses casos é a do seu João Marcelino da Silva que, entre o espaço de um pequeno rio e a rua da sua casa, plantou, cultivou e cuidou de uma minifloresta em um espaço urbano deteriorado.

 O senhor João Marcelino manteve um jardim na Rua da Esperança, no Jardim Cotia, que hoje é uma floresta com espécies em extinção. Ao seu lado a d. Yolanda Moraes da Silva, sua companheira

No início da década de 1980, no Morro do Macaco (que compreende o Jardim Cotia, Jardim Coimbra e parte do Parque Turiguara),começou a ocupação de um terreno público com gente em busca de moradia e que foram, na sua maioria,expulsos pela especulação imobiliária na cidade de São Paulo O sr João Marcelino, preocupado com esse pequeno pedaço de terra, que talvez pudesse ser ocupado, começou a plantar árvores, flores e árvores frutíferas, pegou gosto pela coisa. Talvez, nessa sua iniciativa, não imaginasse que estivesse construindo ali um oásis perdido em uma cidade que cresce desorganizadamente e sem um Plano Diretor que seja levado a sério pelos seus administradores e legisladores.

             Pau-brasil (CAESALPINIA ECHINATA LAM), em extinção,que deu nome ao Brasil.Acervo da mimifloresta do sr. João
Há quem prefere culpar só os políticos pelos descaminhos da cidade, até mesmo em dizer que não gostam da cidade por causa deles. Os políticos formam uma parte ínfima da população e não podem ser responsabilizados sozinhos pelas mazelas da cidade, afinal, existe eleição de quatro em quatro anos. Talvez, essa coisa de não gostar da cidade e ter os políticos para serem responsabilizados por quase tudo, deixamos de exercer o nosso papel de cidadão como deveria ser exercido. O sr. João, com sua simplicidade e vontade, apresentou uma alternativa de como ocupar um espaço urbano com inteligência e criatividade e, melhor ainda, exercendo sua cidadania efetiva e afetivamente


                                   Araucária em extinção também tem vários exemplares na Floresta do sr.João

Ali, na Rua da Esperança, no pé do Morro do Macaco, ao lado do Rio das Pedras, poluído,que deságua no Tietê, tem pé de amora (vou contar para seu pai que você namora),romã, uva japonesa (que há muito tempo não via), pau-brasil, araucária, bambu japonês, ameixa,pitanga,pinhão, acerola, abacaxi, jaca bem pertinho dos nossos olhos. É preciso preservar. Umdetalhe: parte do entulho (lixo) que é jogado no Rio e a enxurrada trazcom a chuvatem se transformado em fogão de lenha, bancos e mesinhas que formam um espaço de lazer. Tudo isso sem a interferência pública.


                 Pneus que são jogados ou trazidos pela enxurrada que são aproveitadosna infraestrutura da floresta do sr. João

Fica registrada a história de seu João Marcelino que trabalhou muitos anos no Frigorífico de Cotia, e fez a diferença.  

Colaboração: Claudio Kada Valdambrini.



quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O POETA MANUEL BATISTA CEPELOS NASCEU EM COTIA.

 
HISTÓRIA
A família de Manuel Batista Cepelos, ainda está em Cotia, uma boa pista para pesquisa sobre o poeta. Batista Cepelos nasceu em Cotia em 10 de Dezembro de 1872 e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 8 de Maio de 1915. O escritor foi Policial, advogado, Promotor Público, Poeta, teatrólogo e Romancista.
 
OBRAS.
 
1896- A DERRUBADA-P0ESIA.
1902- O CISNE ENCANTADO-POESIA.
1906- OS BANDEIRANTES-POESIA. 
1908-VAIDADES-POESIA.
1910- O VIL METAL- ROMANCE E NOVELA
 
O escritor João Barcelos publicou o livro: Baptista Cepellos o poeta do dram brasieliro pela ed. Edicon. O Título de Eleitor foi postado pela Virgina Gonçalves  e Evaristo Barbosa Neto (Evaristo tem parentesco com o poeta). O documento apresenta um sobrinho do poeta.  
 
  

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

DENOREX: PARECE MAIS NÃO É.

Lendo o livro do escritor Bernardo Carvalho* lembrei-me de personagens que permeiam nosso cotidiano e que são muitos parecidos com o chinês (personagem central do livro Reprodução, da Companhia da Letras). Vamos lá.

 FAZENDO COMPRA NO SUPERMERCADO ASSAÍ
Oi, Professor, tudo bem com senhor? Faz tanto tempo que não te vejo. Hoje o mercado está cheio. Ontem assaltaram o mercadinho lá do Bairro. Muita violência! A maioria dos ladrões era de menores de idade. Quando era Presidente da Sociedade de Amigos de Bairro, lutamos pelo asfalto, pela iluminação, pelo esgoto e pelo posto de saúde. O povo de lá era unido. Agora a violência está feia, tomou conta. Os “de menor” não respeitam os pais e não têm educação. Esse Estatuto do Menor é para proteger esses delinquentes. Se eu fosse autoridade eu colocava em prática um projeto pra resolver.

Professor, não importava a idade, tinha que construir uma cadeia para todos eles. O que o senhor acha? Só que era o seguinte, esses menores que são protegidos pela lei têm que matar aos poucos. Com comida envenenada. Esse tipo de gente não tem como melhorar: é só exterminando. É um absurdo a gente ter que pagar estadia dessa gente na cadeia, por isso que não sobra dinheiro pra educação. Direitos Humanos o escambau! O que o senhor acha? Professor, um bom final de ano e um abraço para família, estou com pressa.
UMA MÃO LAVA A OUTRA.
Oi, Garoto,quando tempo! Lembra de mim do cursinho? Então, me formei. Quem diria que nos encontraríamos aqui no aeroporto Eduardo Gomes, em Manaus. O que você está fazendo por aqui? Ah,         já sei? Eu estou trabalhando numa multinacional,Garoto,e prestando serviço aqui por um ano, a minha família continua lá. Você está na política ainda, Garoto? Então, tenho dois filhos que estão fazendo faculdade, um medicina e o outro direito. Faculdade cara, rapaz! Você sabe que nunca gostei de política. Agora, será que consegue uma vaguinha na prefeitura, ia me ajudar muito. Apesarde não gostar de política. Que bom que vamos embarcar juntos, temos muito que conversar...Garoto, uma mão lava a outra.

 OS REBELDES DE HOJE - SEM CAUSA
Cara, os caras se venderam depois que chegaram ao poder. Continuo socialista e não abro mão dos meus princípios. Fui da luta! Agora os caras estão todos inseridos no poder a serviço da burguesia e do imperialismo americano. A única saída é a luta armada.Temos que organizar os trabalhadores do campo e da cidade. Você concorda? Tem coisa que não dá para aceitar! Comecei a trabalhar muito criança, hoje tem esse tal do direito da criança (contra trabalho infantil), tem que colocar essa molecada pra trabalhar. Você concorda? Tem mais que boicotar o império do satanás,não bebococa-cola e nem como lanches no McDonalds. Neste mundo tem muita gente reacionária, cara. A nossa luta tem que ser de classe, essacoisa de minorias é reacionária. Cara, estou indo aí... Depois trocamos umas ideias. Vou curtir um barzinho com alguns amigos.

 

 

 

 
 

 




quarta-feira, 9 de outubro de 2013

"ARTERICES" DE CRIANÇAS


Todo mundo deve inventar alguma coisa, a criatividade reúne em si várias funções psicológicas importantes para a reestruturação da psique. O que cura, fundamentalmente, é o estímulo à criatividade. Ela é indestrutível. A criatividade está em toda parte (Niseda Silveira).

 Dizem que quando a criança tem uma infância recheada de brincadeiras que estimulam a imaginação e a criatividade serão adultos independentes e felizes. Talvez seja verdade. Só que criança de cidade grande é bem diferente da do interior, pelo menos no meu tempo, lá em Votuporanga. Colecionávamos gibis de super-heróis,e lá no interior eles sempre chegavam com quase trinta dias de atraso. Quando alguns de nos íamos passear na Capital e antecipávamos a chegada dos gibis, era a maior festa. Tínhamos algumas vantagens em relação às crianças da cidade grande. Colecionar bicho-de-pé, arte exclusiva do interior. Juntávamos a molecada,entrávamos no chiqueiro de alguém até pegar o tal bicho (na década de setenta era muito definido o que era brincadeira de menino e menina). Depois vinha um tempo de maturação, aquela coceira louca e frenética. Formava tipo um olho-de-peixe e assim era chamado. Essas brincadeiras simples, aos olhos de muitos, iam formando uma amizade, estabelecendo laços de confiança e companheirismo, algumas até hoje.

Também acho que criança de cidade tem suas brincadeiras. Depois da escola juntávamos a turma para jogar bola e procurar um tanquinho para dar um mergulho. Toda vez que íamos nadar escondido, nos rios ou córregos da cidade (às vezes andávamos quilômetros para encontrar um tanquinho do jeito que queríamos de baixa de muito Sol).quando chegávamos em casa sempre levávamos um castigo. Achava que alguém da turma tinha me entregado ao meu pai por ter ido escondido dele que ia nadar. Depois de adulto descobri que me pai usava uma técnica muito simples: com a mistura do sol com a água a pele ficava morena, ele passava a unha sem eu perceber e fazia um risco. O denunciante era eu mesmo. Ninguém naquela turma entregava os segredos e as “arterices” um do outro. Amizade era coisa séria. Bola queimada (nessa brincadeira as meninas participavam), corre-corre, salvo-pega, esconde-esconde, bolinha de gude, brincadeira do passa anel (era nas brincadeiras do anel que se abria espaço para os primeiros flertes) e tantas outras brincadeiras faziam parte da nossa agenda diária. Elas iam estimulando nossa criatividade e fantasias.

Hoje algumas coisas são diferentes (não que hoje seja melhor ou piorque antes, o contexto é outro). Na minha cidade do interior, tinha o guarda-noturno que, depois das dez, passava apitando e pedindo para as crianças irem para casa (íamos prontamente).Uma figura que ficávamos com medo era do juiz de menores, os adultos diziam que se ficássemos depois das dez na rua nos levaria pra delegacia. Brincávamos de olho nos carros que víamos depois desse horário, passando tanto tempo, não sei dizer se realmente existia esse personagem. Um dia, estávamos brincando de salvo-pega e alguém gritou: olha o juizado. Foi uma correria cada um para um lado. Um amigo ficou enroscado no arame farpado, levou oito pontos na coxa da perna. Ficamos uns bons dias sem aparecer na esquina da rua. Será que existia mesmo esse juizado de menores que amedrontava nossa época de criancice?


terça-feira, 24 de setembro de 2013

MEMÓRIA

Fui a Santa Isabel do Rio Negro (Amazonas) para retribuir a viagem que um grupos de alunos fizeram a Cotia em parceria com a Faculdade FAAC. Nesta foto estamos subindo o Rio Negro de Voadeira para visitar uma comunidade indígena. conhecer um projeto na área da educação desenvolvido pela então primeira Dama Ruth Cardoso.  





segunda-feira, 23 de setembro de 2013

O DIA QUE CONHECI MINHA FAMÍLIA BIOLÓGICA

(ADOÇÃO: QUANDO É A HORA CERTA DE CONTAR?)

UM ASSUNTO DOLORIDO PARA MEU PAI

Quem adota uma criança imagino que fica pensando quando é a hora certa de contar sobre a adoção. Um grande dilema! Como os pais vão saber que chegou a hora de revelar? Muitas vezes a notícia da adoção chega até a criança pela boca de um parente ou de um amigo da família, pode ser revelado por certo grau de maldade ou inocência.Cada caso tem sua história. No meu caso, meus pais estavam divididos em contar ou não contar: minha mãe (não me lembro de ela ter contado) contou quando tinha seis anos. Meu pai nunca quis conversar comigo sobre o assunto, para ele eu era o seu filho e fim de papo. Esse comportamento mudou um pouco, quase no final da sua vida,falou comigo poucas vezes sobre o assunto,toda vez que tocava no assunto da minha adoção os seus olhos se enchiam de lágrimas. Com o tempo, desisti de perguntar sobre a adoção, penso que era dolorido para ele.

UM DIA ALGUÉM TINHA QUE CONTAR

Um vizinho, certa vez, me perguntou se eu sabia que era filho adotivo. Antes que eu respondesse,ele disse que eu não era filho dos meus pais. Eu respondi que era sim e ia perguntar para meu pai se era verdade o que ele estava dizendo. Quando meu pai chegou, fui correndo dizer o que aquele homem tinha tido. Meu pai ficou furioso, me pegou pelo braço, me colocou em um jipe antigo e foi até a porta da casa do homem, fez com que ele desmentisse o que tinha dito. O homem disse, nervoso, que não tinha dito nada daquilo e que eu tinha entendido errado. Depois daquele escândalo, nunca mais eu disse nada sobre quem me falava sobre o assunto. Muito tempo depois descobri que aquele homem era um desafeto do meu pai.

VOCÊ NÃO TEM O SANGUE DA FAMÍLIA

Uma coisa chata de escrever,mas preciso escrever, não com a intenção de causar nenhum tipo de constrangimento, mas que este texto sirva para alguma coisa.Muitas vezes, quando arrumava uma confusão com um parente, rapidamente dizia que eu não era da família. Sem mágoa, adoro minha família. Talvez a recordação mais forte que tive foi com minha tia Antônia, de Araraquara, interior de São Paulo, uma mulher simples e de uma sabedoria singular,contou-me uma história de uma mãe que não pôde ficar com seu filho. Com a voz mansa, foi ilustrando com fantasia e cenas reais do acontecido. Com apenas um sussurro, disse que aquela era um pedaço da minha história. Senti um alívio!

ANGÚSTIA DE NÃO SABER SUA ORIGEM: PARECE QUE ESTÁ FALTANDO UM PEDAÇO NA ALMA

Durante muito tempo me angustiei coma ideia de conhecer meus pais biológicos. A ideia de não conhecê-los me dilacerava a alma. Quem eram meus pais? Fantasiava como eles poderiam ser fisicamente. Muitas vezes associava a imagem deles às pessoas adultas com as quais eu convivia. Sem fazer um 
dramalhão, essa sensação de não conhecê-los era extremamente angustiante. Até o dia que tive a oportunidade de conhecê-los através de um sonho. Depois desse sonho comecei a entender melhor a importância dos meus pais de coração.Sonho: estava em uma represa e caminhava dentro da água como se estivesse andando em terra firme. Andava com tranquilidade e os galhos e ramos não atrapalhavam minha trajetória e enxergava sem nenhuma dificuldade,como se estivesse buscando alguma coisa... Uma voz delicadamente me disse no ouvido, olha pra cima, olhei e vi um casal com três filhos. A voz suavemente me disse: esta é sua família biológica. 

O TEMPO CERTO


Aos pais de coração,a hora certa é aquela que tem o tempo certo. Descubra.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

O BURACO



 

                                                                                                                                                                 O Bicho

Vi ontem um bicho

Na imundície do pátio

Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,

Não examinava nem cheirava:

Engolia com voracidade

O bicho não era um cão,

Não era um gato,

Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.

Manuel Bandeira

Dirigindo o carro de repente você fica cego. Aos poucos milhares de pessoas na mesma situação de cegueira, epidemia, uma saída rápida e cômoda para as autoridades é segregar. Indistintamente, médicos, motoristas, enfermeiras, donas de casa, infratores são colocados em fábricas abandonadas sob rígida disciplina de controle para que fiquem presos para não espalhar a cegueira branca. Doença desconhecida pelos estudiosos e autoridades estabelecidas. Com o convívio diário sob pressão, independente da classe social, cada um ali vai mostrando o que tem de mais vil e de mais nobre.

A briga pela comida, as fezes que não são recolhidas e o ar pesa no lugar onde estão segregados. Seres humanos que viram bichos como (descritos) no poema de Manuel Bandeira. Matam como forma de saída para suas aflições. Essas descrições de homens e mulheres vivendo como bichos não são cenas de ficção. É a realidade de muitas cidades do Brasil onde o crack tomou conta. Aqui, em Cotia, não é diferente. Outro dia passando debaixo de um pontilhão que corta a Raposo Tavares, as cenas vistas não ficam devendo em nada aos melhores livros ou filmes de ficção.Gente de toda idade andando em direção o um buraco aberto na parede que protege a ponte de possível invasão. Se ali ficasse aberto viraria lugar de moradia. Esses seres, parecidos zumbis, iam à busca do quê?

Quando entrei nesse espaço que fica debaixo da ponte,ao lado do hipermercado Atacadão, e no sentido São Paulo, fica o Mercado Municipal,eu me vi nas cenas descritas pelo escritor José Saramago no seu livro Ensaio Sobre a Cegueira. Gente vivendo ali diariamente e outros de passagem no meio da bosta, ratos e outras porcarias. Alguns agressivos, menores de idade, velhos e jovens e prostituição ali debaixo do nosso nariz. Talvez possam achar que não são problemas nossos, enquanto um dos nossos não for envolvido. O que estou escrevendo e relatando não é sobre a cracolândia no centro de São Paulo, com a intervenção desastrosa do Estado, agora se espalharampela cidade os recantos de consumo de usuário de crack. A cacrolândia é aqui, bem debaixo do pontilhão da famosa Rodovia Raposo Tavares que vai de São Paulo ao Paraná.

Apenas um lembrete: essa situação social não é caso de polícia!

sábado, 14 de setembro de 2013

BAR E RESTAURANTE SÃO LUIZ


O Bar e Restaurante São Luiz esteve aberto de 1937 a 1969, na Rua Senador Feijó, Nº5 restaurante pertencia a Felício Savioli, e sua esposa Maria Francisca Bruno, devotos de São Luiz. Segundo relata Nice Savioli, o local era ponto de encontro de vários segmentos sociais da cidade. O bar deu lugar a Papelaria Savioli, em 1970, e o salão, ainda hoje, guarda no lado esquerdo um oratório com a imagem de São Luiz. Com o falecimento de Felício, em 1955, os filhos assumiram definitivamente a administração do bar.

 
   Nice, esposa de Roque Savioli, lembra que todos trabalhavam muito na época do restaurante. O Bar e Restaurante São Luiz servia comida para viajantes que vinham do Rio Grande do Sul, de Sorocaba e de outras cidades vizinhas. Rose Savioli, filha de Roque Savioli, lembra com saudade da Semana Santa, quando era servida uma farta bacalhoada. Relata Rose: “A bacalhoada era feita numa panela grande e, após a missa, muita gente ia comer sanduíche feito de bacalhau”. Nas Sextas-feiras Santas eram feitos entre 900 e 1000 pastéis de palmito. Nessa época, aparecia gente de quase toda a região: Vargem Grande Paulista, Itapevi, Caucaia do Alto, Morro Grande e outras cidades. Roque Giannetti era outro freqüentador assíduo do bar. Tinha seu ponto comercial bem em frente e ia tomar seu golinho de café todos os dias. Segundo dona Dice, depois da missa de domingo, era costume das pessoas ir ao bar tomar café e comer pãozinho com manteiga (o melhor da região).

   O Bar e Restaurante São Luiz fazia frente para as ruas Senador Feijó e Beco do Felício, hoje travessa Felício Savioli. Era o ponto de encontro preferido dos políticos. Antes do início da sessão da Câmara Municipal, os vereadores juntavam-se ali para discutir política e tomar o saboroso café. No bar, também aconteciam histórias pitorescas, e uma delas tem Roque Savioli como protagonista: ele mandou confeccionar alguns santinhos anunciando a missa de sétimo dia do vereador Dito Lopes, enquanto este gozava de perfeita saúde e muita vida. Imaginem o bafafá que deu! Alguns dos vereadores eram amigos do dono do bar. Alguns prefeitos também freqüentavam o local, como por exemplo, Carmelino, Emílio Guerra, Ivo e outros. Até Laudo Natel e Jóia Junior marcaram ponto no bar do Savioli.

   O que parece, de fato, é que o espaço do bar era um lugar onde se estabeleciam relações sociais. Segundo o Sr. Feíz, comerciante da cidade, lá foi instalada a primeira televisão do município, em 1951. Moradores de diferentes lugares da cidade reuniam-se no bar para assistir a programação. Ali se assistia a filmes do Mazzaropi e outras atrações televisivas da época. Rose Savioli lembra que muitas vezes não cabiam todos os telespectadores dentro do salão e muitos moradores da vizinhança, que vinham para a cidade de caminhão, assistiam aos programas de cima da carroceria. Alguns relatos mostram que muitos moradores vibraram com o vídeo-teipe da Copa do Mundo de 1966. É importante ressaltar que as pessoas, antes de assistir aos jogos da televisão, tinham o hábito de ouvi-lo pelo rádio. O senhor Feíz lembra de cenas engraçadas entre o Roque e o Yolando Savioli: ambos ficavam tentando arrumar o vertical e o horizontal da televisão (naquela época era assim!) e encontravam muita dificuldade para colocar a imagem em ordem. O Bar e Restaurante São Luiz, de fato, marcou época.

 

 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

DOM CAMILO E SEUS CABELUDOS: 300 ANOS DA IGREJA NOSSA SENHORA DE MONT SERRAT.


 
No início dá década de 70 à cidade de Cotia ficou conhecida em quase todos e rincões deste meu Brasil, por algo estranho que aconteceu no quintal de um morador.  Dê um dia pra outro, milhares de aventureiros tomaram conta da cidade em busca da grande descoberta. A cidade com pouco mais de trinta mil habitantes não tinha infra- estrutura para receber  tanta gente, os hotéis e pensões lotadas restaram aos novos descobridores acamparem nas praças e ruas. Segundo o relato de alguns moradores, as suas casas foram transformadas em restaurantes,  ganharam muito dinheiro com este crescimento inusitado. Mas o progresso trouxe problemas que antes não existam, roubos de casas, antes as portas e janelas que ficavam abertas, tiveram que se fechadas. Coisas do progresso. Toda está efervescência foi motivada por um único morador: que encontrou petróleo no fundo da sua casa. Petróleo! Quase na mesma época, outro acontecimento mexeu com o brio dos moradores antigos e tradicionais da cidade, houve à invasão de motoqueiros e cabeludos com costumes estranhos a cidade.  Alvoroço total!

As duas estórias acima foram apresentadas na série semanal  da extinta TV tupi,  Dom Camilo e Seus Cabeludos, tendo  como o pároco representado, pelo italianismo Otelo Zeloni. O cenário principal deste seriado era a Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat, que neste ano completa 300 anos. Todo o roteiro do seriado se dava a partir da Igreja. Apesar das estórias de  ficção, elas expressam a importância da Igreja na formação do segundo núcleo de moradores da  cidade e influência  na vida social, política e cultural dos seus moradores. Ou Seja,  tudo em Cotia acontecia em torno dá igreja. . Como vamos ver na carta escrita pela professora Ecléia Bosi.

A Professa Ecléia Bosi, com toda delicadeza que lhe cabe, expressa este sentimento de importância da igreja de Cotia na vida social dá cidade, em uma carta enviada para  apresentação do livro Memória & imagem:

 “Meu avô, Amadeu Strambi, cultivava uva em São Roque; ali, no alto da serra, passei belos anos de minha juventude. Nas suas noites frias me aqueci no grande fogão de lenha no pátio da Matriz, onde se preparavam os pastéis, o quentão, das festas e quermesses. Ao seu redor se apinhavam as crianças, e as velhinhas, embrulhadas nos xales, olhavam as chamas e recordavam os bons tempos. Aquele fogão de lenha era o coração generoso da cidade que pulsava. Mão impiedosa o derrubou. O pátio da comunidade hoje é estacionamento.

   Adeus fogão de lenha... adeus velhinhas tiritantes, adeus memória”

 

O depoimento de Dona Antonia Luisa de Moraes, conhecida como D. juju, quando a entrevistei tinha 81 anos. Em detalhes conta está relação quase umbilical da comunidade com  a Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat:

“Dona Juju, com 81 anos durante a entrevista, lembra de uma crença que era singular nas procissões em Cotia: a charola de São Benedito não podia sair nem no meio nem no fim da procissão, tinha que ser o “abre alas”. Se o santo não saísse na frente, com certeza choveria. Outro relato interessante dela é sobre a ornamentação do andor. Ao prepará-lo, ela conta que gostava muito de usar flores naturais e ressalta que as roupas de quem carregava o andor tinham de ser da mesma cor dos arranjos das flores. “O Ditão, que era quem organizava a procissão, era profundamente perfeccionista” – disse ela”.

O relato da Dona Oscarlina Pedroso Victor, mostra como está relação era forte e como a cidade andava em torno da igreja. As procissões, os casamentos, registros de nascimento, obtidos, sepultamentos, acontecia ali naquele espaço sagrado.

 

“A procissão mobilizava muita gente. O percurso iniciava-se na Rua Senador Feijó, entrando na Rua Joaquim Horácio Pedroso, passando pelas ruas Lopes de Camargo e Dez de Janeiro, até a Praça Padre Seixas; entrava novamente na Rua Senador Feijó e terminava na frente da igreja. Segundo Oscarlina Pedroso Victor, cada irmandade representa um segmento da comunidade. A Irmandade Cruzada Eucarística era representada por crianças que usavam uma fita amarela, que identificava seu grau de religiosidade. A Pia União das Filhas da Maria representava as moças, que ficavam nessa irmandade dos 15 anos até o casamento. A fita usada era de cor verde. A Irmandade de São José era composta por homens e mulheres. A de São Benedito e do Santíssimo Sacramento eram compostas apenas por homens. Os irmãos de São Benedito usavam uma indumentária branca com capa preta, chamada opa, e os irmãos do Santíssimo usavam outra, vermelha. Na Irmandade Nossa Senhora das Dores a fita era roxa. No Coração de Jesus era vermelha e na Congregação Mariana, era azul. Esta ultima era composta por moços e seus dirigentes tinham estrelas de metal em suas fitas. Outro detalhe interessante: as roupas dos carregadores de andor eram todas iguais e da mesma cor.”

 

Poderia relatar aqui outras relações intrínsecas com a religiosidade e a matriz de Cotia, deixo estes relatos, alguns engraçados para outro momento. Além dos relatos orais e memoriais friso a importância da pesquisa realizada pelo Padre Daniel Balzan, usam como referencia para trazer luz à vida da igreja, os livros de tombos, batizados, casamentos e Obtidos dá paróquia, algo nunca feito antes. São temas abortados que vão da construção da capela a igreja, sepultamentos, corrupção, poder, divisa territorial que usa como referência as capelas, enfim uma pesquisa, elucidatório sobre a igreja de Nossa do Monte de serras.   O pesquisador divide sua pesquisa em duas partes sobre a matriz.  É bom lembrar que onde está à igreja da Matriz, foi o segundo núcleo de moradores. O local da capela primitiva, tudo indica que ficava na estrada do Golfe são Fernando.

 

  A Primitiva Capela – O documento mais antigo que fala da primitiva capela de N. Sra. de Monte Serrat data de 1684. Trata-se de uma folha avulsa que deveria pertencer ao 1º livro de Tombo de Cotia, assinada pelo bispo do Rio de Janeiro Dom José de Barros Alarcão que visitou a freguesia de Cotia em 1684 (1). Naquela época a paróquia pertencia à diocese do Rio de Janeiro que se estendia até o sul do Brasil.”

      

 Em conversas com Padre Daniel sobre as pesquisas e com seu espírito investigativo, achava que antes da nova construção, funcionou do lado esquerdo da igreja, uma capela que foi acoplada a estrutura maior da construção. Para que os fieis, enquanto não construía a nossa igreja, assistissem as missas. 

 

A Matriz Atual – A Matriz de Cotia, também dedicada a N. Sra. de Monte Serrat, foi inaugurada no dia 9 de Setembro de 1713. De acordo com a ata da posse assinada pelo Pe. Mateus de Laya Leão todos os pertences da primitiva capela foram levados para Itú, menos a imagem da padroeira que foi trazida para a Matriz atual no dia da inauguração (2). A Matriz foi construída pela ajuda de alguns protetores entre os quais se figurava o Coronel Estevão  Lopes de Camargo que cedeu uma parte de seu sítio para a construção da nova capela (3)”.

 

Ao passamos pela igreja de Cotia, até podemos ser indiferentes, mas ali está o fio da miada da origem da cidade. Está arquitetura tem vida. As suas paredes e objetos ali podem dizer muito sobre nós, por isto não pode ser descartada. No Brasil é comum destruir monumentos Históricos, e o tempo não foi diferente com a Igreja Nossa Senhora de Monte Serrat, mas ainda existe tempo para salvá-la.     

 

 

Fontes:

Pesquisa em torno de um monumento

Instituto do Patrimônio Histórico e artístico Nacional.

O Livro Memória & Imagem

Autor: Marcos Roberto Bueno Martinez

Capelas da Freguesia de Cotia.

Autor: Padre Daniel Balzan

Pesquisa.

O livro 

Memória & Imagem pode ser encontrado no site: WWW.cotiamemoriaeimagem.blogspot.com

Os textos escritos pelo Padre Balzan podem ser encontrados no blog: WWW.cotiamemoriaeeducacao.blogspot.com