Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 12 de março de 2012

AMPLIAÇÃO DA RAPOSO TAVARES: UMA SOLUÇÃO PALIATIVA



O espaço não pode ser estudado como se os objetos materiais que formam a paisagem trouxessem neles mesmos sua própria explicação. Isto seria adotar uma metodologia puramente formal, espacista, ignorando que ocasionaram as formas. Como analisar esta relação entre a estrutura e a forma, a sociedade e a paisagem? (Santos, Milton. Pensando o espaço do homem. Ed EDUSP, 2004, p. 58)

Não é de hoje que a ampliação da Raposo Tavares faz parte do imaginário dos antigos moradores, sempre associada à ideia de desenvolvimento e progresso. Com um processo ainda tímido de urbanização na década de cinquenta, que se acentua no final de 60, as conversas e brincadeiras sobre a rodovia eram de que muitos moradores partiriam para o outro lado da vida e a tal ampliação não aconteceria. Ela chegou no início de dois mil e a metonímia “a Raposo está parada” é quase todos os dias entoada por moradores antigos e novos da cidade, que vivem o stress do congestionamento quase diário da antiga rodovia São Paulo-Paraná. 

Se a ampliação da rodovia não for pensada e planejada considerando a complexidade que a envolve, de nada adiantará qualquer tipo de intervenção neste trecho da estrada que corta Cotia. Tempos depois, iremos novamente ouvir os lamentos de que “a Raposo” está parada. O poeta e arquiteto Mário Luiz Savioli, em seu livro[1] aborda a rodovia Raposo Tavares como a espinha dorsal que permeou e permeia o desenvolvimento da cidade. O livro é uma referência de informação e dados estatísticos e históricos que balizam uma discussão sóbria sobre uma possível ampliação da rodovia, considerando que ela está encravada na região metropolitana de São Paulo. A ampliação deve levar em conta a Raposo e Cotia, a metrópole e as cidades circunvizinhas. Sem isso é chover no molhado.

Ora, precisamos antes olhar para o próprio umbigo. É primordial colocar o Plano Diretor[2] da cidade em ação, inclusive para que possamos cobrar qualquer intervenção efetiva do estado ou da federação na ampliação da estrada. É preciso fazer a lição de casa também. E ai a participação da sociedade civil organizada é importante e o envolvimento da Câmara Municipal e do poder executivo é fundamental. A cidade de São Paulo já vem desde o final da década de oitenta colocando em prática restrições à circulação de caminhões no centro, que foi se expandindo com o tempo, com o rodízio de carros e outras ações. Mas os congestionamentos aumentam a cada dia e o caos está instalado. Não há dúvida de que o investimento em transporte público é uma das melhores saídas. 

Há um tempo atrás, dizer em tom de brincadeira que um dia o Metro chegaria a Cotia era motivo de muita chacota, hoje é visto como coisa séria e possível. Se não for o Metro será algo como um transporte de superfície. E a melhoria do transporte público interno é urgente, aproveitando melhor o transporte alternativo. A cidade não vive mais sem ele, mas precisa ser melhor regulamentado e fiscalizado, como se deve também fiscalizar acentuadamente a empresa oficial de transporte da cidade, que deixa seus serviços a desejar. Assim, com o pé no chão e cheios de esperança, podemos dar os primeiros passos para um trânsito melhor na Raposo Tavares. Quem sabe um dia possamos deixar o carro em casa e usar este transporte público com decência. Enquanto isso, só nos resta reclamar!


Professor Marcos Roberto Bueno Martinez



[1] SAVIOLI, Mário Luiz. A cidade e a estrada – As transformações urbanas do Município de Cotia ao longo da Raposo Tavares. Ed. Edicon.

[2] Observação: plano que prevê o desenvolvimento global da cidade.

2 comentários:

  1. Podíamos começar com um corredor,que é fácil de fazer pra ontem...Partindo daí,exigir que a empresa respeitasse,leis e normas de horários e já teríamos uma Raposo mais aliviada....Se o transporte coletivo funcionasse em Cotia,o desafogamento da rodovia seria visível!

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  2. Concordo Suely Bombarda , a ideia vem sendo discutida mas ainda ta emperrada.
    O transporte coletivo deve ser preferencia, mas ainda ha grandes impecilhos.
    Boa Marção abraçõs.

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