Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

EDUCAÇÃO É COISA SÉRIA



UMA SENHORA BRASILEIRA EM SEU LAR

“O sistema dos governadores europeus, que tendia constantemente a manter, nas colônias portuguesas, a população brasileira privada de conhecimentos e isolada na escravidão dos hábitos rotineiros, limitara a educação das mulheres aos simples cuidados do lar; assim, por ocasião de nossa chegada ao Rio de Janeiro, a timidez, resultante da falta de educação, fazia as mulheres temerem as reuniões um pouco numerosas, e mais ainda qualquer espécie de comunicação com estrangeiros.”(*)

Podemos começar esse artigo com uma pergunta: por que os resultados práticos  da educação no Brasil são tão lentos? Como isso acontece, se a educação tem verba garantida pela Constituição e recebe 25% do orçamento do município e 15% do FUNDEB? E mais: do total deste dinheiro 60% são destinados ao pagamento do salário dos professores. Onde está o problema? A ideia de que não existe investimento em educação não é totalmente verdadeira e reafirmo que, o que falta, são projetos com começo, meio e fim, acompanhados de uma boa dose de vontade política.

Para entender como funciona a educação é preciso conhecer como funciona a organização administrativa de uma Secretaria de Educação. A Secretaria, que detém uma parte significativa do orçamento, não administra o dinheiro e, sendo assim, como é possível elaborar um projeto de educação sem controle e visão de quanto pode ser investido nos projetos? Esta fala, de uma secretária de educação da Bahia, resume a dificuldade de colocar em prática qualquer tipo de projeto. Diz ela: “quando eu peço para alguém comprar  uma caixa de lápis e ela não é comprada, o comprador não sabe que um lápis pode segurar uma lousa, ele também não sabe o que é educação." É urgente que o dinheiro da educação seja administrado pelas secretarias de educação.

Esta fragmentação das secretarias abre brecha para o fisiologismo político e tudo funciona no mundo do faz de conta, do trivial. Outro absurdo é a construção de escolas fora do âmbito da secretaria, sem que seja discutido com o grupo pedagógico e com os educadores como deve ser erguido um prédio, que tem de atender aos anseios do projeto pedagógico da secretaria, da unidade escolar. O investimento não chega na carteira do aluno. Esta estrutura induz a que os conselhos de controle do dinheiro da educação façam de conta que fiscalizam e, em muitos casos, virem trampolim político ou cabide de emprego. É preciso mudar esta situação.

Nem tudo está perdido, há exceções. O Plano Nacional de Educação já discute e propõe que o dinheiro da educação seja  ministrado pelas secretarias de educação. Temos escolas no país que estão muito além dos índices de metas estabelecidos pelo governo, por fazerem a tarefa de casa. A maneira antiga de organizar uma secretaria abre a possibilidade de atitudes despóticas, e a resposta para tal comportamento é a autonomia, que tem de ser levada às últimas consequências.  A escola tem que ser dona do processo de construção do seu projeto pedagógico. Quantos projetos para área da educação assistimos a ser implantados, jogados pela goela abaixo dos profissionais e que sabemos que são fadados ao fracasso? Mas ainda há luz no fim do túnel.

(*) Jean Baptiste Debret - Rio de Janeiro, cidade mestiça, nascimento da imagem de uma nação

Ed. Companhias das Letras


Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

Um comentário:

  1. É sempre a mesma velha história....uns fingem dar o dinheiro,outros o recebem,e os outros fingem que usam como deveria....Em meio a tudo isso,a população ideal,que não pensa,não vê,não ouve....

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