Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O CIRCO


Li um comentário no Facebook, feito pela minha amiga virtual Isabel Jesenicnik, que mora na  Suécia, sobre os repentistas que se apresentavam no circo da Nhá Barbina. Assim que li,  voltei no tempo e lembrei -me  do circo do Pimentão e do Faísca, ambos  palhaços, que preencheram a minha e outras pré-adolescências de fantasias e criatividade. Gritava o locutor naquele caminhão fordinho pela cidade: “ ― O circo chegou! Hoje tem marmelada e palhaçada. Também tem espetáculo!”

O que vou contar não serve de exemplo para ninguém, mas toda vez que chegava um circo na então pequena cidade de Votuporanga eu abandonava a escola durante a temporada em que ele ficava na praça. Quase me mudava para o circo. Coisa de criança arteira: saía cedo como se fosse para a escola, mas ia ao circo. Carregava água para as tendas e trailers, e de noite no espetáculo vendia maçã do amor e algodão doce, só para assistir ao espetáculo do dia. Aprendi muito. Era uma outra escola, diferente. Colorida, engraçada e criativa. Na escola normal tinha que cantar o Hino Nacional todo dia. Nada contra, mas pelo menos queria entender o que queriam dizer aquelas palavras. Um dia caí na besteira de perguntar o significado de algumas palavras do nosso hino. A dona Lazinha de pronto respondeu: “― Você não está aqui para perguntar.” Fiquei em silêncio. Lá no circo era muito diferente. Não esqueci até hoje da aula para aprender a me equilibrar na escada, da aula cênica e de tantas outras. Nas de teatro o palhaço Faísca ensinava aquelas técnicas de como falar, como respirar e falar pausadamente. Minha estréia foi na peça “O Lavrador”. Foi no circo que conheci o teatro.

Na década de 70 não era todo mundo que tinha televisão como hoje, que ela faz parte do mobiliário da casa. Na rua em que morava, só dois vizinhos tinham o tal aparelho que mostrava imagem com som. Lembro que na casa do japonês  Massau tinha televisão. De noite juntávamos a turma e pelo vão da porta nos deliciávamos com a programação. Mas o circo chegava! O circo era uma das formas de ter contato com cultura. Coisa de moleque: um dia  resolvi que ia aprender a me equilibrar na escada. Pensei que, se aquela moça bonita toda noite e nas matinês podia se equilibrar, eu também podia. Subi na escada e fui me achando o máximo. De repente a escada começou a escorregar e foi rasgando a cortina do palco na vertical de fora a fora, e eu caí como uma abóbora. Fiquei um bom tempo sem aparecer, com medo de levar uma chamada.

Não comungo da ideia que com chegada da televisão o circo desapareceu. O circo se reinventou e continua encantando. Quem não gosta da marmelada do Arrelia com o Carequinha? Outro dia encontrei na estrada um cirquinho com um único artista que era palhaço, trapezista, bilheteiro e dono de outros ofícios. O preço da entrada era um real ou outras espécies de trocas. Ao circo vou de vez em quando. Agora, a escola, já faz tempo que não frequento. Será que a escola se reinventou como o circo?  Boas lembranças!

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

3 comentários:

  1. Olá Marcos,
    Isabel Jesenicnik comentou seu link.
    Isabel escreveu: "Maravilhoso seu blog, saudades daqueles tempos, quando o circo chegava em Cotia, era uma verdadeira festa, tudo isso que voce comentou também vivemos em nossa infancia.Abracos. för ungefär en minut sedan · Gilla"

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  2. Wagner Ayres:
    Olá caro amigo Marcão, o circo e o máximo onde vi diversas apresentações, numa dessas foi num circo que sê intalou
    do lado da escola Idomineu, não lembro o nome do palhaço
    mas lembro do nome do cachorrinho sê chamava Bijoleta que
    era de pelúcia onde narrava uma bela hestória só vendo para
    crer um grande abraço caro amigo.

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  3. Olá Marcos,
    Rita Almeida comentou seu link.
    Rita escreveu: "esse é o imortal Arrelia: c/o vai.c/o vai, c/o vai, eu vou bem,mto bem, mto bem..........bons tempos...."

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