Venha compartilhar um pouco do trabalho que realizo como historiador e professor da cidade de Cotia. Mergulhe no passado das pessoas que construiram este lugar, recorde fatos marcantes que deram identidade cultural a esta cidade.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

BOAS FESTAS


Chegamos ao final de mais uma década e também ao findar de mais um ano. Vamos  renovar as esperanças, inventar e reinventar o “jeito de ser diferente”.
E para celebrar o término deste ciclo e o início do novo, com a palavra o genial Carlos Drummond Andrade:

Cortar o tempo

Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
A que se deu o nome de ano,
Foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.
Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,
com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra diante vai ser diferente.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

domingo, 19 de dezembro de 2010

AVENIDA DO BANCO DO BRASIL

          
Vista da Avenida Nossa Senhora de Fátima. Esta é a avenida onde hoje se situa a primeira agência do Banco do Brasil em Cotia. Nesta foto, do final da década de 60, podemos observar o terreno em que iria ser construído o Hospital, lá na curva da rua.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

PAPAI NOEL EXISTE, HO, HO, HO!

Será que tem alguém que algum dia na vida não tenha ouvido falar do Papai Noel? Você pode até não acreditar, mais já foi tocado pela onda positiva que irradia e o cerca durante esta época de final de ano. Com certeza, já foi!
A primeira sensação que o Papai Noel provoca na gente, quando pequenos, é de confusão, por acharmos que temos dois pais. Lembra como ficava a sua cabeça de criança, que além daquele pai do cotidiano tinha outro que aparecia com grande estardalhaço no final do ano, e que depois era quase esquecido? É difícil? Penso que talvez o que ajude a amenizar qualquer impacto emocional que possa fundir as cabeças das crianças, seja que aquele Papai Noel trazia presentes. Era só pedir! E até hoje os adultos continuam não perdendo tempo em usar esta figura imaginária, para criarem regrinhas de comportamento. Estabelecem uma relação de troca e controle entre a criança e o presente a ser recebido: “Olha, se você não obedecer, Papai Noel não vai dar aquele presente que você pediu. O Papai Noel não gosta de criança malcriada e deste jeito você não vai...” Lembra destas chantagens?  Quem diria, o velho Noel fazendo parte da nossa educação e das primeiras noções  de civilidade.    
Outro dia assisti a uma cena muito engraçada, envolvendo o Papai Noel e um pai entusiasmado em apresentar o filho ao velhinho. O filho esbugalhou os olhos e aquela  expressão de horror tomou conta do seu rosto e ele gritava, ao mesmo tempo em que esperneava e falava aos berros “eu não quero, eu tenho medo dele!” e apontava o Noel. O pobre ator tentava não perder a pose e o pai, constrangido, insistia na árdua tarefa. Ho, ho, ho, aqui entre nós...
Imagine aquele homem obeso (Papai Noel magro não tem graça), enorme, vestido de vermelho e com barba branca, sendo apresentado para seu pimpolho. Tenho certeza que você já assistiu esta cena na sua vida. Algumas crianças têm medo, mas tem outras que vão com a figura do papai Noel logo de cara. Abraçam, pedem presentes e ouvem as histórias que ele conta. E claro, haja dinheiro (dos pais biológicos e de coração) para atender aos pedidos que fazem ao velhinho! Lista das solicitações: notebook, tênis de marca, a boneca “tal”, o novo game lançado, e outras coisas da moda...
Não querendo ser ingênuo ou bobinho (eu mesmo), outro dia fiquei prestando atenção numa destas conversas de Papai Noel com criança. Ouvi um menino bem vestido, loirinho de olhos azuis, fazendo um pedido inusitado: “Não quero nada do tem  nestas lojas, tenho quase tudo. Quero uma caixa de cheia de carinho, de atenção, e um monte de abraços e beijos dos meus pais. Espero que o bom velhinho tenha providenciado presentes tão nobres.
E quando nós éramos crianças, quantas noites e madrugadas ficamos com os olhos entreabertos, fingindo que estávamos dormindo, à espera do Papai Noel, que na noite de Natal deixaria o presente tão esperado na janela do quarto onde dormíamos. Ficávamos ansiosos, acreditando que ele viria antes do combinado. Passávamos semanas sem dormir direito. Nunca consegui dar um flagra no Noel deixando o presente. E teve vários natais que ele não apareceu –  porque seria? Lembra como era feito o pedido do que queríamos ganhar? A gente colocava um bilhete no sapato e o deixava em baixo da janela, pois assim o Papai Noel apareceria. Nem sempre!
Outra comemoração desta época é a festa de Ano Novo. Na minha infância o costume era fazermos uma galinhada para a ceia, de preferência com a galinha dos vizinhos, que eram convidados para a comilança e somente muito depois ficavam sabendo da traquinagem. E  há ainda outra festa, depois da chegada do novo ano, a Folia de Reis. Uma pena que poucos lugares conservem a tradição. Lembro que “os antigos” falavam para os pequenos terem cuidado com os palhaços, pois eles roubavam crianças. Dava um medo danado, mas mesmo assim a gente curtia. Muito. E também é uma pena saber que tudo sai de moda, menoso Papai Noel. E que ele existe, existe!

Desejo “Boas Festas” aos leitores do Portal Viva!, aos amigos do Orkut, do Facebook, e aos colegas blogueiros.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez


segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

BAR E RESTAURANTE SÃO LUIZ

O Bar e Restaurante São Luiz funcionou de 1937 a 1969, na Rua Senador Feijó, nº 52. Ao lado fica o Beco do Felício. O restaurante pertencia a Felício Savioli e sua esposa, Maria Francisca Bruno. O bar deu lugar à Papelaria Savioli, em 1970, e o salão ainda hoje guarda no lado esquerdo um oratório com a imagem de São Luiz.
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

domingo, 12 de dezembro de 2010

MEMÓRIA & IMAGEM

Revisitando meu baú da História de Cotia, encontrei o livro “Memória & Imagem”, que publiquei no final da década de 90. Dei aquela folheada e fiquei encantado com a apresentação do livro, escrita pela  professora Ecléa Bosi. Encantadora. A sensação com que fiquei depois da leitura é a da simplicidade que usa ao escrever, e que deixa aquela vontade louca de conhecer cada espaço  citado. Leiam comigo! Liberem suas sensações.

Carta de   Ecléa Bosi

Cotia,16 de março de 1999
Meu caro Marcos,
Li, com muito prazer, as memórias dos velhos cotianos que você recolheu com atenção e carinho. Memórias risonhas na sua maior parte, porque esses velhos transbordam de simpatia e amor pela vida. Tenho uma raiz muito funda que me prende a esse lugar.
Meu avô, Amadeu Strambi, cultivava uva em São Roque; ali, no alto da serra, passei belos anos de minha juventude. Nas suas noites frias me aqueci no grande fogão de lenha no pátio da Matriz, onde se preparavam os pastéis, o quentão das festas e quermesses. Ao seu redor se apinhavam as crianças, e as velhinhas, embrulhadas nos xales, olhavam as chamas e recordavam os bons tempos. Aquele fogão de lenha era o coração generoso da cidade que pulsava. Mão impiedosa o derrubou. O pátio da comunidade hoje é estacionamento.
Adeus fogão de lenha... adeus velhinhas tiritantes, adeus memória!
Conheci dona Didita, mãe de dona Zizinha, esposa do Sr. Amantino. Cega, costurava e cozinhava com perfeição. Mulher de rara inteligência, feliz de quem pudesse haurir a sabedoria de sua conversa. No casarão onde morou, na rua principal, tudo é venerável, desde as tábuas do assoalho até o espírito da família que, sei, conserva os altos valores de dona Didita.
Conheci, também, o casal admirável, Ana e Paulino Nascimento.
Os “casos” do Sr. Paulino eram notáveis; sua infância de menino de roça, quando o carro de Washington Luiz encalhou no barro da estrada... O presidente foi socorrido pela família do Sr. Paulino, a quem prometeu recompensar com uma escola na região, mas acho que esqueceu depois o prometido.
Ela tratava os doentes com homeopatia, pesando as doses dos remédios nos pratos de uma balança com minúsculos pesos.
- Dona Ana, a senhora levou para o céu a sua balancinha dourada com que curou tanta gente?
E agora, evoco por fim, aquela que foi a alma folclórica de Cotia. Dona Leonor, a que foi parteira e benzedeira.
Tive o privilégio de visitá-la um dia, quando, sentada no leito, penteava seus cabelos; hora ideal para contar histórias e revelar segredos. Quem não assistiu às festas da capela de dona Leonor, no km 40? As ladainhas, toadas de viola, eram cantadas em latim por um ‘capelão’ (as reformas litúrgicas não tinham lá chegando, ainda). Em mais de um livro sobre cultura popular foi descrita a beleza pungente daquelas devoções.
   Dona Leonor, dona Didita, dona Ana, abençoem Cotia! Salvem a cidade das indústrias poluidoras, dos prédios que a desfiguram. Abençoem seu ar, suas águas, as matas que a rodeiam. A alma da cidade estava presa nos lugares saudosos que a ignorância e a ambição destruíram. Mas os velhos memorialistas, cujas lembranças lemos com encanto suave neste livro, ensinarão aos jovens a defender sua cidade.
E aqui me despeço, caro Marcos, de você e deles, com respeitoso afeto.


Ecléa Bosi
Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

VAMOS SER CRIANÇA!


 Que tal brincar de usar a imaginação no Dia da Criança? Que tal usar a memória para lembrar das coisas de quando éramos crianças? Lembro-me que não dormia enquanto meus pais  não me diziam “Deus te abençoe”:
― A “bença” pai! A “bença” pai!
― Deus te abençoe, meu filho.
Depois de ouvir a “bença” o sono chegava e a noite era mais tranquila. Agora adulto, parece que aquela bênção era bobagem, mas ela era muito importante...
Mais de uma vez mobilizei a cidade onde morava pelo meu desaparecimento. Lembro-me que nas Sextas-feiras da Paixão, o cinema da cidade exibia o filme da paixão de Cristo (em preto e branco) o dia inteiro. Num ano entrei na primeira sessão depois do almoço e saí na última, quase meia-noite. Quando saí na porta do Cine Votuporanga tinha uma multidão me procurando, achando que eu tinha desaparecido. Recebi abraços de saudades e alguns puxões de orelha. Só assim percebi que tinha feito alguma coisa errada.
Continuo a me lembrar. Tem arte que a gente fez, que os pais até hoje não sabem. Vou contar uma: quando chegava um circo na cidade eu ficava louco para assistir ao espetáculo. Certa vez chegou o circo dos palhaços Faísca e Pimentão. Arrumei um jeito de ajudar a buscar água e de vender maçã do amor. Até aí um comportamento normal. Depois de um tempo de amizade com a trupe do circo fui chamado para trabalhar na peça de teatro “O Lavrador”. E não é que me sai bem?!! Eu me lembro que nesta peça tinha a música de uma dupla sertaneja famosa, só não me recordo o nome. Devo dizer que a minha carreira de ator terminou logo, na noite de estréia, pois minha participação foi realizada às escondidas dos meus pais. E adivinhe quem estava na platéia na primeira apresentação do espetáculo? Meus pais, claro. Eles não me reconheceram por causa da roupa de camponês que eu vestia. Mas nunca mais eu tive coragem de subir no palco do circo do Faísca, de medo de encontrar meus pais novamente na platéia.
É muito bom recordar estas histórias e, por isso, quero convidá-lo a usar a sua imaginação e a buscar na memória as histórias do seu tempo de criança. Depois, sente-se confortavelmente no sofá da sala e chame seu filho:
― Filho, vem cá que eu quero contar algumas histórias de quando eu era criança! Senta aí e escuta! 

                                                                                              Professor Marcos Roberto Bueno Martinez        

sábado, 11 de dezembro de 2010

EU ESCREVO, TU ESCREVES,NÓS MUDAMOS


Remexendo meus livros encontrei um muito especial, produzido por ocasião do 9º Concurso de Redação da Rede Pública de Ensino de Cotia, projeto desenvolvido pelo Instituto Sidarta . O tema proposto neste ano, 2005, foi “Identidade”, e os alunos escreveram redações relacionadas ao assunto, ligadas às suas vidas, que são emocionantes. Eu fui convidado a escrever o prefácio e quero novamente dividi-lo com vocês.  
QUEM
“Não tendo o seu endereço, lanço
Estas palavras ao vento,
Na esperança de que ele as
Deposite em suas mãos.”
(Carlos Drummond  de Andrade)
Imagine se a vida acontecesse mecanicamente e do jeito que quiséssemos. Não haveria graça nenhuma. Ainda bem que somos diferentes e, sem dúvida, criação divina. É por isto que estamos sempre buscando caminhos, novos e velhos, para serem remexidos, destruídos e reconstruídos a cada passo. O projeto de redação do Instituto Sidarta, durante o seu tempo de existência, tem proporcionado inúmeras possibilidades de reflexão e ação, para sermos gente.
Neste mundo de sociedades tão diferentes e conturbadas, precisamos sempre reinventar a vida, e criatividade é coisa que não nos falta. Quase uma década de projetos, sempre estabelecendo uma interação com a comunidade, enaltece os moradores do nosso lugar. É disso que precisamos, de incentivo e de um olhar amigo para construir um mundo melhor.
O projeto “Eu escrevo, tu escreves, nós mudamos” possibilita a inserção dos alunos da rede pública de ensino no mundo simbólico da palavra.
Esta inserção no mundo da palavra é poderosa e transformadora , na medida em que os temas sugeridos neste tempo de projeto realizado levam a muitas reflexões do “eu”, nos horizontes das realidades sociais diversificadas. Parabéns a todos, indistintamente, que trabalharam com o objetivo de mostrar caminhos a serem trilhados , com gosto de gente. Gente é pra ser feliz.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez   

ACOTY TOUR

Visitando a estante, reencontrei o livro de poesia social organizado pelo médico, poeta, músico, compositor e contador de histórias, Paulo Bafile. Contém os escritos de um grupo de médicos e funcionários do Hospital de Cotia, que queriam conhecer melhor a cidade em que vieram morar e trabalhar. (Paulo, depois de tanto tempo percebi que o livro não tem prefácio e tive uma grande compulsão para escrevê-lo. Não vou ser tão atrevido!)
Olha, vou escolher uma poesia para você que é daqui e para você que é de longe de Cotia,  conhecerem a cidade onde moramos. E assim vai.

MIRANTE DA MATA
Em pouquíssimo tempo
O Parque Mirante da Mata se ergueu.
Onde era morro, uma cidade.
Onde era cachoeira, esgoto.
Onde cresciam árvores, a enxurrada cava sulcos.
Veio tanta gente que algum lugar ficou vazio.
Isto tudo é belo, feio ou não interessa?
Ah, Brasil, pátria minha, ninguém te entende mesmo.
Esses cientistas sociais só correm atrás do prejuízo.
Pois não foi Brasília construída assim também?
E JK ainda não é “O” presidente?
Os lotes eram baratos. Onde hoje se ergue o bairro,
As lajes se multiplicam
Pois o dólar, por aqui, chama-se cimento.
Nos fins de semana,
Os homens arrastam canos de plástico,
Ferragens, blocos. Nas costas, no carrinho,
se deixar, nos dentes...
Quase ninguém se conhece,
A vila é um bebê ainda sem alma.
Tudo errado e certo,
Belo e horrível, ao mesmo tempo.
Ah, pátria amada, idolatrada...
Que Deus nos abra a cabeça diante deste cenário...

Livro: Roteiro Poético Absolutamente Pessoal e Sem Mapa para a Cidade de Cotia . ACOTY TOUR. Paulo Bafile 1995.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

EDUCAÇÃO


Ao subir a rampa do planalto, o próximo presidente tem a responsabilidade de elevar os índices de qualidade da educação. De elevar a educação à altura de um país que quer ser grande. Um passo importante é discutir os mitos que existem em relação ao tema. Verdades e mentiras. Vamos lá!  Não é verdade que não tem dinheiro para educação. Os municípios têm 25% do orçamento garantido e mais 15% do FUNDEB  (o antigo FUNDEF). Porém, quando se fala de investimento em educação a choradeira é geral: “― Não temos verba!”; “― O dinheiro mal dá para a folha de pagamento”. Aí é bom lembrar que parte do dinheiro da educação, mais precisamente 60%, é de utilização obrigatória para pagar os salários e ainda sobram 40%. O que falta na verdade é projeto com objetivos, metas e resultados. Se não existir um planejamento não se chega a lugar nenhum, e pior, o dinheiro não chega à carteira do aluno. Hoje o maior vilão da educação no Brasil é a ineficiência e não a falta de dinheiro.
O que precisamos é fazer com que os instrumentos de controle que existem na educação funcionem. Em algumas cidades os conselhos funcionam e têm um papel importante de decisão na melhoria da qualidade da educação. Em outras cidades, infelizmente os conselhos foram partidarizados ou aparelhados pelo poder público. Este último até faz campanha para eleger a quem só diz amém. De outro lado tem aqueles que confundem os conselhos com partidos e sindicatos, e se perdem nas discussões. Existem defensores da idéia de que é preciso criar mais mecanismos de controle do dinheiro destinado à educação. Não creio. Já temos controles suficientes, o que precisamos é fazer com que aqueles que existem funcionem democrática e eticamente. Os conselhos não podem ser tratados como moeda de troca.    
Outro ponto que merece ser discutido é um controle maior sobre o dinheiro destinado para a educação. Não é só prestar conta do que se gastou, o que é uma obrigação, mas é mostrar qual foi o resultado do dinheiro investido. Sem meias palavras, só recebe mais verba quem mostrar resultados com projetos que resultem na qualidade de ensino, investimento em infra-estrutura e salários realmente respeitosos ao trabalho do educador. Há defensores da idéia de que se crie uma lei de responsabilidade fiscal para a educação. O governo que não investir o dinheiro destinado à educação com responsabilidade, deve responder na justiça.
Outra  discussão pertinente é a de que, além do professor, do diretor e de outros cargos técnicos ligados à área da educação, é preciso que estas reformas cheguem a todos os que estão envolvidos com a escola. Os projetos educacionais devem envolver todos os que fazem parte da escola. Hoje quase todos os municípios têm seu Plano de Carreira, que serve de paradigma para discutir o salário para os educadores. É preciso estender este benefícios aos outros funcionários. Não pretendo aqui esgotar o assunto, mas quero contribuir para uma educação melhor com temas que acredito serem relevantes.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

MINHA BRASÍLIA AMARELA


Quem já não teve um caso de amor que envolvesse um carro? (Mesmo que tenha sido um carro de boi.) Quem nunca teve um fato da vida que se relacionasse com um carro? (Leia-se carro antigo.)
Outro dia no trânsito da Rodovia (hoje cada vez mais uma avenida) Raposo Tavares, enquanto passavam os carros de última geração e estando com tempo de sobra para apreciar as coisas, devido à lentidão da congestionada rodovia, eis que vejo surgirem uma Brasília vermelha cor de melancia e logo atrás uma Variant verde cor de abacate, que roubaram a cena naquela tarde. Ambas atiçaram a memória de muitos ali, inclusive a minha. Lembrei-me do início da década de 70, quando vi pela primeira vez uma Brasília amarela, dirigida pela mulher mais bonita da cidade de Votuporanga. Assim que a Brasília estacionou em frente ao Supermercado Amazonas, a multidão rodeou para contemplar aquele carro, que para a época era inovador e de design arrojado.
Aprecie as fotos e vá lembrando de histórias que aconteceram com você e que tiveram um carro no enredo. Divirta-se!  



O Fernando do Orkut, meu amigo virtual, enviou algumas fotos de carros antigos. Ao poucos  fui lembrando de cada história. Está é verídica! Tenho um amigo que tem um fusca azul celeste, que ele cuida mais do que qualquer outra coisa que ache importante. Na extinta Rádio Eco, depois de seu programa sertanejo, ele deu uma carona para um locutor desavisado, que ao fechar a porta do fusca bateu com toda a força do mundo. O meu amigo foi ficando vermelho e proferiu um palavrão que se ouviu longe, e logo em seguida disse: “― Esta não é a porta da geladeira da sua casa, fulano, e não dou mais carona. Vá a pé até o centro de Cotia”. E o danado realmente deixou o rapaz para trás.
Você já deve ter ouvido alguma história engraçada envolvendo um carro de estimação? Aquela história...

Conheci um casal que era apaixonado, e até exageradamente, por Brasílias e Variants. A paixão era tanta que ela pintava o cabelo da cor do carro, às vezes de loiro ou vermelho. Chegou a tingir o cabelo na cor café.
E então, animou-se? Conte sua história que envolva uma Brasília amarela ou de outra cor qualquer. Era uma vez... (Continue após a próxima foto!).

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez


CAMINHÃO DE ALGODÃO



Caminhão carregado de fios de algodão para ser levado ao seu destino. O motorista é Arnaldo Gabriel  e seu ajudante, Jacó. Ambos trabalhavam para a Indústria de Cotonifício Demétrio Calfat S/A, localizada no Bairro do Atalaia, mais precisamente onde depois foi construída a escola Osny Fleury. A fabrica foi inaugurada em 1953. 

DO SHOPPING GRANJA VIANNA À VILA ACUTIA


Em meados da década de 70, chegado do interior de São Paulo, fui morar no Parque São Jorge, no km 18 da Raposo Tavares. Toda nossa vida social e econômica  estava voltada para  o Bairro de Pinheiros, mais exatamente na famosa Rua Teodoro Sampaio, um shopping a céu aberto. Eu sabia também, que a estrada que ia para casa passava por Cotia, mas não conhecia a cidade. Melhor dizendo, conhecia sim, através dos relatos de amigos de trabalho e dos letreiros dos ônibus meio arredondados da Mercedes Benz, que faziam a linha “Pinheiros-Cotia”. Como tudo tem uma primeira vez, fui convidado por um amigo de trabalho para conhecer a cidade, em 1976.  A viajem pareceu tão longa do km 18 ao centro de Cotia! Mas a rodovia de mão dupla tinha alguns detalhes interessantes no seu trajeto: quiosques cheios de gente fazendo piquenique, dos dois lados da estrada havia muito mato, árvores, e apenas alguns trechos tinham casas – porém poucas. Chegando ao centro, vi que várias casas de taipa de pilão ainda serviam de moradia, e que o comércio da cidade era ínfimo. Dessa primeira visita me ficou uma  sensação  bucólica do lugar.
No início dos anos 80, já morador da cidade, fiz várias entrevistas sobre a vida cotidiana dos moradores antigos e uma senhora, a D. Irene Lemos Leite Silva, chamou minha atenção, pois  reclamava sentir saudade de quando todo mundo se conhecia.  Dizia-me ela: “Antes a gente pegava o ônibus e conhecia as pessoas, de todas as famílias, e agora a gente não conhece quase ninguém. Muita  gente diferente.” A D. Irene Lemos Leite Silva tinha razão em relação às suas observações, pois a cidade, no eixo da Rodovia Raposo Tavares, iniciara nas décadas de 50 e 60 um processo de desenvolvimento industrial tímido, que se acelerou muito nas décadas seguintes, com a implantação de indústrias químicas e mecânicas no início, e de indústrias de tecnologia de ponta nos dias atuais. Com o processo de industrialização veio a urbanização descontrolada. Cotia mudou muito! Mas como ela era no começo?
Voltando alguns séculos na História da cidade, o segundo núcleo de moradores foi criado em 1713, nas terras do fazendeiro Estevão Lopes de Camargo. A Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat é datada dessa época, e atualmente, se você passar distraído pelo centro nem a percebe, ainda mais se não for morador. Mas, e o shopping? O Shopping da Granja Vianna está nesse mesmo contexto de desenvolvimento da cidade: ele se localiza em Cotia e foi inaugurado depois de 297 anos da formação do segundo núcleo de Acutia.
Continuando, o primeiro núcleo de moradores foi formado por índios, mamelucos e escravos, com a construção da capela próxima ao Caiapiá e ao Rio Cotia, e que permaneceu ali entre 1640 e 1670. A fundação desse povoado foi atribuída a Fernão Dias Paes e a Gaspar de Godói Moreira.
O que acho interessante, também, é que na década de 80, onde hoje está a entrada do novo shopping, ficava a casa da minha amiga Graça, que estudava comigo na Escola Vinícius de Moraes. Quem de nós imaginava então que ali seria construído um shopping center tão maravilhoso, bem em cima da antiga casa da Graça? Será que os bandeirantes e moradores daquela época imaginavam tamanho progresso? Creio que, se para nós já era difícil visualizar o futuro da região, para eles seria praticamente impossível.
A Rodovia Raposo Tavares, sempre esplendorosa e cheia de tropeiros rumo ao sul, agora ostenta marcas famosas de fast food, de empresas comerciais dos mais variados ramos e um shopping... só para lembrar, o que foi feito das nascentes que existiam no terreno?
Esta mesma rodovia, que já teve seus dias de crise com a chegada da Estrada de Ferro Sorocabana em 1875, o que tirou um pouco da sua importância, retomou seu desenvolvimento no século passado, e aqui estamos.
Que rumo tomará o desenvolvimento de Cotia daqui para frente? Já somos 201.023 habitantes, de acordo com o censo deste ano! Espero que o shopping seja um empreendimento que tenha chegado para também colaborar na construção de um futuro melhor para a cidade. E que nesse futuro ela não seja mais dividida como é hoje, em terrenos de alto padrão e condomínios luxuosos de um lado, e de outro bairros periféricos humildes, distantes da formosa estrada e dos benefícios do progresso.

Professor Marcos Roberto Bueno Martinez

Consulta Bibliográfica:
Balzan, Daniel Pe. –  “Os Protetores da Freguesia de Cotia”. In: Jornal Popular. Cotia, 13/02/99. ed. 159, p. 7.
Savioli, Luiz Mário – A Cidade e a Estrada (As Transformações Urbanas do Município de Cotia ao longo da Rodovia Raposo Tavares) Ed. Edicon.
Martinez, Marcos Roberto Bueno – Memória & Imagem (A história social, rural e urbana de Cotia, contada pelos moradores mais velhos) Ed. Edicon.